Três Lagoas, desde quando foi incluída no traçado da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e com a chegada de seus trilhos, garantiu na história do seu desenvolvimento sócio econômico um futuro radioso, que a cada dia que passa se consolida e nos amina para os dias melhores que almejamos. Na esteira dessa luta de conquistas e construção, há de se lembrar dos seus pioneiros, os quais com coragem e destemor, aqui aportaram no início do século passado para desbravar nossas terras dando início ao ciclo da pecuária e do comércio, atividades que constituíram os primeiros pilares da nossa vida econômica. A ferrovia foi o nosso primeiro marco de desenvolvimento e exerceu fator de integração, estimulando para aqui permanecerem inúmeras famílias de operários que vieram para sua instalação. Assim, além dos pioneiros vindos de Minas Gerais, atraímos gente de todos os quadrantes do Brasil, inclusive de outras nacionalidades. Começamos o povoamento de Três Lagoas, cujo nome faz referência ao conjunto das nossas três lagoas, as quais reclamam cuidados ambientais para continuarem vivas e nos encantando. Mas, é certo que o poder público não pode transigir e nem se descurar dos cuidados que as políticas de preservação do meio ambiente recomendam.
Precisa agir com energia contra predadores e aqueles que invadiram áreas de terreno ao longo de sua orla com edificações que acabaram por estreitar as vias de acesso no seu entorno. Euclides da Cunha registrou em seu livro “A Margem da História” o depoimento do engenheiro Hermilo Alves, estudioso do programa ferroviário brasileiro concebido por Emílio Schoor, que traçou os trilhos e caminhos da nossa velha e saudosa estrada férrea – a NOB. Em sua notável monografia, intitulada “Problema da Viação Férrea para Mato Grosso”, Hermilo Alves, vislumbrou a prosperidade de Três Lagoas e da região ao avaliar as forças das quedas de Itapura e Urubupungá, para a geração de energia elétrica. Alves, em seus comentários anteviu o desenvolvimento industrial de Três Lagoas ao dizer que “seríamos a base vindoura dos mais importantes centros industriais da América do Sul, dispondo da energia mecânica incalculável daquelas catadupas (Itapura e Urubupungá), que se somando à derivada do Salto de Avanhandava, transformar-se-ia em energia elétrica”.
Essa previsão mais do que se concretizou. O complexo energético de Urubupungá (Jupiá e Ilha Solteira) nos assegura a instalação de qualquer projeto de industrialização do porte das fábricas de celulose e papel, assim como a de fertilizantes, e das dezenas de outras indústrias que hoje se encontram instaladas no Distrito industrial da cidade. É com a abundância de energia elétrica, assim como a localização geográfica de Três Lagoas e sua proximidade com os grandes centros consumidores e portos de exportação de Santos e Paranaguá, é que se assegura o sucesso de qualquer empreendimento de porte que aqui se instala. A industrialização e a consequente geração de emprego e renda fazem de Três Lagoas a prosperidade, que durante anos acalentamos e que hoje se materializa na exuberância da sua capacidade de transformação em bens e valores. Sem medo de dizer e sem bairrismo, a nossa cidade e a nossa gente representam o esforço magnifico empreendido por todos aqueles que somados, amam esta cidade e fazem dela a fonte permanente das suas aspirações e realizações cotidianas.
Também, neste dia dos 108 anos do município, o Jornal do Povo celebra 74 anos de circulação ininterrupta, reafirmando o seu histórico compromisso com o município. Aqui, se faz de suas colunas a defesa intransigente de todos os interesses da coletividade, propugnando pelo desenvolvimento, pela implantação de uma infraestrutura urbana a altura do desenvolvimento que a cidade reclama, assim como, por melhores condições na saúde, educação e cultura. E, por mais moradia, segurança e trabalho, pois, todas essas questões são aspirações permanentes para a melhoria da qualidade de vida dos seus moradores. Avançamos e muito, estamos em fase ascendente e de crescimento populacional, ninguém segura a nossa prosperidade. O Jornal do Povo não se desgarra do compromisso para defender a coletividade, assim como a democracia e as liberdades públicas que garantem o livre exercício com responsabilidade da cidadania. Sejam, os próximos cem anos, tão grandiosos como estão sendo os nossos 108 anos de emancipação política e administrativa. Parabéns Três Lagoas e sua gente.