Em Três Lagoas, a paralisação dos agentes penitenciários suspendeu o recebimento de presos encaminhados pelas delegacias de Polícia da cidade e dos municípios vizinhos. A medida visa despertar a atenção do governo do Estado para a contratar mais agentes para os presídios de Mato Grosso do Sul. De acordo com Antônio Aparecido da Silva, delegado sindical regional da categoria, a paralisação foi decida em assembleia geral realizada pelo Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinsap), no mês passado, em Campo Grande.
Três Lagoas
Agentes penitenciários suspendem recebimento de presos
Recusa visa chamar atenção do governo do Estado para a contratação de mais agentes para os presídios de MS
O Presídio de Segurança Média tem capacidade para 248 detentos, mas abriga, segundo informações de Silva, 478 presos. Superlotado, a penitenciária tem somente seis agentes para fazer toda a segurança. O ideal, segundo o delegado sindical, era no mínimo 15 agentes. “Em 2005, tínhamos este contingente, mas os colegas de trabalho foram saindo, alguns por que passaram em outros concursos com melhores salários, dois de licença médica, e outros foram exonerados do cargo, por não suportarem a pressão psicológica do cotidiano”, explicou.
Há seis anos não é realizado concurso público para o preenchimento de vagas. Recentemente, o governo divulgou edital de concurso para prover 230 vagas no Estado, sendo que, o déficit no Mato Grosso do Sul é de 1.179 agentes penitenciários. “Nossa reivindicação é que o governo contrate pelo menos 50% deste total, pelo menos 600 agentes. Mas, o governador informou que não tem verba”. No Presídio Feminino de Três Lagoas o problema de superlotação e falta de efetivo se repete. De acordo com Celenir Ibertina Rodrigues de Souza, vice-delegada regional do sindicato, o local tem capacidade para abrigar 58 presas, mas, atualmente está com 104 detentas. E, dispõe de apenas quatro agentes plantonistas por dia, sendo que, o ideal seria mais seis. “A escala é de 24h trabalhadas por 72h de descanso, porém, por falta de efetivo estamos trabalhando no sistema de 24h por 48h, ou até menos. O resultado desta carga excessiva de trabalho é que maioria das agentes está com problemas de saúde, com destaque para síndrome do pânico, depressão e estresse”, contou. E continuou: “a profissão é árdua e desgastante e o governo não oferece condições dignas de trabalho”.
Na avaliação de Celenir, a falta de segurança para trabalhar dentro dos presídios influencia de forma negativa o profissional tanto no trabalho como também na vida familiar. “Hoje, a maioria dos detentos tem ligação com alguma facção criminosa, consequentemente, estamos sempre em alerta, sempre com medo. É uma pressão psicológica diária”, falou.
DELEGACIA
De acordo com informações da Polícia Civil, a 1º Delegacia de Polícia conta com quatro celas com capacidade para acolher 22 presos. Das quatro celas, duas delas são para receber presos criminais, uma para preso cível e a outra para adolescentes. No momento, o local está com 11 presos.