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Três Lagoas

Agentes penitenciários vão recusar a receber presos

Classe aponta um déficit de 1,2 mil servidores em Mato Grosso do Sul

Em Três Lagoas, servidores querem suspender parte das atividades ainda nesta semana -
Em Três Lagoas, servidores querem suspender parte das atividades ainda nesta semana -

Os presídios de Mato Grosso do Sul poderão deixar de receber presos de delegacias a partir do dia 1º de agosto. A medida faz parte do protesto dos agentes penitenciários do Estado para chamar a atenção do governo estadual para o déficit existente no setor, e pode durar dez dias. 

Por telefone, o presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária (Sinsap/MS), cuja sede fica em Campo Grande, Francisco Sanábria, informou que, atualmente, o estado conta com um déficit de 1,2 mil agentes penitenciários. Ao todo, são 1,3 mil agentes distribuídos nas 45 unidades prisionais do Estado, sendo 27 delas de regime fechado.


“Estamos reivindicando três pontos: concurso público para a contratação de mais agentes, abertura de mais vagas para presos, uma vez que alguns presídios estão superlotados e também investimentos em tecnologias. Hoje, o nosso sistema de vigilância é muito arcaico, o que dificulta o trabalho dos agentes para combater os crimes cujas ordem partem de dentro do presídio. Por falta de pessoal e estrutura, os agentes não conseguem desenvolver o trabalho como deveriam”, destacou Sanábria.


Como exemplo, o sindicalista cita a situação da Penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande. De acordo com ele, a unidade penal conta com nove agentes por plantão para garantir a segurança de dois mil presos. O número corresponde a uma média de um agente para cada grupo de 222 presos.


Em Três Lagoas, a média é de sete agentes por plantão para aproximadamente 500 presos, no caso do Presídio de Segurança Média – um agente penitenciário para cada grupo de 70 presos. A unidade também trabalha com o dobro da capacidade, estruturada para atender a 250 internos. “Em Três Lagoas, a situação é preocupante. Mas hoje, o pior quadro é encontrado nos presídios de Campo Grande e Dourados”, completou Sanábria.


Ao todo, o município conta com uma população carcerária de mais de 600 presos. Além do masculino, a cidade ainda conta com o Estabelecimento Penal Feminino, com a média de 70 internas, e Colônia Penal Industrial, com cerca de 80 internos. 
Em todo o Estado, a superlotação chega a mais de cinco mil presos.


REUNIÃO
Acontece hoje no município uma reunião dos agentes penitenciários do município e o presidente da federação dos agentes penitenciários, Fernando Anunciação. O objetivo, segundo Sanábria, é conversar com os agentes, que querem iniciar a paralisação parcial dos serviços já nesta semana. “Os agentes daí [Três Lagoas] querem suspender as atividades relacionadas aos setores de trabalho e escola, já que são os únicos que podem ser suspensos, agora. Por isso, a federação, que é nossa parceira está indo até a cidade para conversar e tentar chegar a um acordo”, concluiu.


CONCURSO
Na semana passada, o governo anunciou abertura de concurso público que visa preencher 230 vagas para agentes penitenciários. No entanto, segundo o presidente do sindicato, o número não chega nem perto da carência existente. “Hoje, temos um déficit de 1,2 mil servidores. O mínimo que se precisa para suprir essa carência é de 600 vagas”, disse.