Uma confusão envolvendo três adolescentes da Escola Estadual Luiz Lopes de Carvalho, o “Luloca”, foi parar na Delegacia de Polícia Civil nesta sexta-feira (11), após a Polícia Militar ser acionada para conter uma briga no pátio do colégio. A unidade está localizada na rua Antônio Pinelli, no bairro Jardim das Oliveiras, zona Sul de Três Lagoas (MS).
Segundo informações apuradas, a briga teve início após um dos adolescentes ser acusado de furtar luvas de bicicleta. O acusado foi tirar satisfação com outro colega, e ambos acabaram se agredindo fisicamente. Um terceiro aluno tentou separar a briga, mas também foi agredido.
Todos os envolvidos foram encaminhados à direção da escola. Os pais ou responsáveis foram chamados e, posteriormente, os três adolescentes foram levados à Delegacia de Polícia Civil para registro da ocorrência.
Vídeos da briga começaram a circular nas redes sociais, assim como imagens de outra confusão no mesmo colégio, essa, sem data definida. O episódio reacende o alerta sobre a violência no ambiente escolar.
Cerca de dez dias atrás, um outro adolescente da mesma escola também foi levado à delegacia após ter levado um simulacro de arma de fogo para a sala de aula e ameaçado uma colega. Diante da recorrência desses casos, pais e responsáveis têm demonstrado preocupação crescente com a segurança dentro e nos arredores das escolas.
A reportagem tentou contato com a Secretaria Estadual de Educação, mas, devido ao horário, não obteve retorno. O espaço permanece aberto para posicionamento. Em 2023, uma mãe de aluno da mesma unidade escolar procurou a imprensa para denunciar agressões físicas, ameaças e bullying sofridos pelo filho.
Segundo relatos, mesmo após registros na delegacia, muitos alunos envolvidos em brigas e comportamentos violentos seguem frequentando as aulas normalmente, sem aplicação de medidas disciplinares mais rígidas.
A Polícia Militar realiza ações preventivas nas escolas, mas enfrenta limitações. Três Lagoas possui atualmente 53 instituições públicas de ensino, 40 municipais, e, 13 estaduais, além de cerca de 13 praças públicas e diversos prédios que demandam patrulhamento constante.
Com uma média de apenas seis equipes por plantão, os policiais precisam conciliar a demanda escolar com ocorrências de violência doméstica, furtos, acidentes e perturbação do sossego, o que sobrecarrega o sistema. Além disso, a própria saúde mental dos policiais militares tem sido motivo de preocupação.
Entre abril de 2022 e junho de 2023, 285 PMs foram afastados por problemas psicológicos, como estresse, ansiedade e depressão, o que representa 6,3% do efetivo total no estado, que é de 4.540 policiais. Em 2022, Mato Grosso do Sul registrou quatro suicídios entre policiais civis e militares, resultando na maior taxa proporcional do país pelo segundo ano consecutivo: 0,6 por mil policiais da ativa.
Entre os fatores apontados por especialistas estão as escalas exaustivas, a pressão por resultados, a falta de apoio institucional e a cultura de silêncio que ainda predomina entre os profissionais de segurança. Como tentativa de enfrentamento, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) lançou a “Carreta da Saúde”, projeto itinerante que leva atendimento médico e psicológico aos policiais em diferentes regiões do estado.
Alfredo Neto: fontes Sejusp/SSP-MS