Em tempos de tanta violência, intolerância e desrespeito é preciso, com urgência, voltar os olhares para a pureza, a doçura e o amor genuíno das crianças que são, não apenas o futuro distante, mas sim o mais real presente. Falar de política com as crianças não se resume ao que acontece no ano eleitoral, faz parte da educação familiar que se inicia quando a vida é gerada com amor, respeito e todos os cuidados necessários.
A política começa dentro de casa quando a criança aprende a dividir o alimento, a doar os brinquedos e as roupas para os necessitados. A família é o principal meio de formação, de convicções e de valores para a vida da criança e a escola é a continuidade dessa formação. O aluno se apresenta como um reflexo do exemplo familiar.
A política é (ou deveria ser) um conjunto de ações e atitudes realizadas pelas pessoas com o objetivo de ter uma convivência respeitosa e harmônica com total pluralidade social. É incrível presenciar, em grupos de crianças, a naturalidade em ajudar o colega com qualquer tipo de dificuldade, no sentido real da verdadeira inclusão; perceber que criança não utiliza somente o lápis de cor rosado para retratar todos os tons de pele; o ensinamento com afinco em casa de como economizar água e tantas outras ações de amor e verdade. Como professora, tive esse privilégio!
Acredito plenamente que o poder transformador para melhorar tudo no nosso país está na educação básica, feita pela família e pela escola, com resultados imediatos. Precisamos aprender com as crianças a forma mais pura, verdadeira e genuína de amar a natureza, os animais e acima de tudo o próximo, independentemente de qualquer diferença.
Por isso, é essencial que elas conheçam o papel de cada cargo político e saibam diferenciar aqueles que governam para o povo e quem governa apenas para os seus. Brasília hoje é considerada por muitos como símbolo de corrupção, mas a partir da educação podemos formar cidadãos que, num futuro próximo, transformarão esta realidade. A política que queremos deve começar agora, pelos pequenos. Do contrário, não conseguiremos eliminar as desigualdades e não veremos nosso país crescendo forte. As crianças são sim o futuro, mas o que elas aprendem depende unicamente da educação que proporcionamos hoje.
*Gabi Vasconcelos é alfabetizadora e autora do livro Minha Brasília.