Assustada com a crise financeira internacional, a produção industrial de Três Lagoas também freou as contratações neste começo de ano. De acordo com Ivan José Alkmin, diretor interino do Centro Integrado de Atendimento ao Trabalhador (Ciat) de Três Lagoas, a situação ainda não chega a ser desesperadora para os empregados do setor, mas admite que as industrias estão cautelosas desde o fim do ano passado. “A crise ainda não afetou o trabalho do Ciat. Não estamos falando em demissões. Mas as empresas estão sendo mais cautelosas. Elas (fábricas) estão estudando a situação, aguardando, entretanto, é importante informar que nenhuma parou a produção”.
Para Alkmin, o período de “quarentena” deve perdurar até o final de fevereiro. “Pelo menos é o que nos dizem. Sempre que entramos em contato com as empresas, elas pedem para aguardar até o final de fevereiro, início de março, para soltar o número de vagas”, completou.
No entanto, o diretor explicou que não há motivo para desespero. De acordo com ele, há vagas para quem estiver disposto a trabalhar. “Não houve uma suspensão total das contratações. O que aconteceu foi o seguinte: se antes determinada indústria contrataria 20 novos funcionários, hoje ela contrata apenas 10. O importante é que não parou”.
Este é o caso da indústria do setor têxtil, Avanti. Conforme Nelson Ubirajara Tupi, diretor administrativo da unidade fabril, em Três Lagoas, não houve alteração no quadro de funcionários da indústria, mas ele confirmou a suspensão temporária de novas contratações. “A crise nos assustou, isto sem dúvidas aconteceu. Todos estamos receosos. Com isto, tivemos que manter o mesmo quatro de funcionários. Não estamos demitindo, mas também estamos adiando ao máximo as novas contratações. Por conta desta situação, estamos apenas repondo aquelas funções essenciais”, disse.
Tupi informou que a indústria teve queda nas vendas – direcionadas ao mercado interno. De acordo com ele, o balanço não foi fechado ainda, por isto não pode falar em valores ou porcentagens. No entanto, o diretor assegura: “A produção continua normalmente”, declarou.
EMPREGOS
Segundo Ivan, atualmente, o Ciat conta com 120 vagas de trabalho (aproximadamente) em diversas áreas. No mesmo período do ano passado, a média era de mais de 150 vagas disponíveis. “Quem tiver disposto a trabalhar é só vir aqui que pelo menos o encaminhamento às indústrias estará garantido. Já a entrevista será por conta do candidato”, disse.
O Ciat fechou o ano de 2008 com 4.754 vagas captadas, sendo 3.717 vagas a mais e 1.037 vagas repostas. Ao todo, a instituição foi responsável por 12.272 encaminhamentos de profissionais para entrevistas e 3.566 colocações – cruzamento de dados do profissional cadastrado com os dados da vaga de emprego. “Este último item na verdade, é a nossa principal meta. Atualmente apenas 50% das colocações são realizadas via sistema de informatização por problemas simples, como a troca de telefones para contato. É por meio do cadastro atualizado a única forma de se colocar o fim nas filas, pois os interessados poderão aguardar em casa”, destacou Ivan.
Já no ano de 2008, 7.991 trabalhadores deram entrada no pedido de seguro desemprego. Deste total, 1.598 pedidos foram registrados apenas nos dois últimos meses (novembro e dezembro). “Mas não há relação alguma com a crise”, garante Ivan. Ele explica que o alto índice de pedidos se deve à quase conclusão das obras de construção das unidades de celulose e papel. “Hoje, as duas unidades estão com quase 90% das obras concluídas. Com isso, muitos trabalhadores, principalmente os de fora do Estado, foram demitidos e optaram por dar entrada no seguro desemprego aqui. Mas esta demanda já era esperada”, disse Ivan.
CRISE NACIONAL
Em todo o Brasil, o nível de emprego na atividade fabril atingiu o menor dinamismo a partir de outubro do ano passado. A queda registrada em novembro foi de 0,6% nas contratações, segundo pesquisa da coordenadoria de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (13), o setor teve o pior desempenho desde outubro de 2003, quando houve queda de 0,7% nas contratações. Para o economista André Macedo, esse movimento ocorre em conseqüência do agravamento da crise financeira internacional: “que dá sinais de estar atingindo a atividade”.