O rio Paraná, o segundo maior da América do Sul, onde estão três usinas hidrelétricas em Mato Grosso do Sul, enfrenta a maior seca do século. A região hidrográfica do rio Paraná, que abrange Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e o Distrito Federal, está em estado de alerta.
Em junho deste ano, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) publicou resolução que declara “situação crítica de escassez quantitativa dos recursos hídricos” na região hidrográfica do Paraná até o dia 30 de novembro.
A declaração foi publicada pela ANA com o objetivo de reconhecer a situação crítica de escassez quantitativa de recursos hídricos e subsidiar a adoção de medidas temporárias para assegurar os usos múltiplos da água e buscar a segurança hídrica. Após a análise de cada situação, são adotadas medidas, como regras de operação temporárias para os reservatórios para a preservação dos seus volumes. Num primeiro momento, a necessidade de restrições para usos consuntivos (que consomem água), como a irrigação e o abastecimento humano, não é vislumbrada.
O objetivo é prevenir e mitigar possíveis riscos aos usos consuntivos de água, decorrentes do cenário desfavorável de chuvas, até o fim do período seco deste ano. Nesse sentido, em sua análise técnica, a Agência levou em consideração a Nota Conjunta do Sistema Nacional de Meteorologia, que emitiu alerta de emergência hídrica associado à escassez de precipitação para a região hidrográfica do Paraná de junho a setembro deste ano.
ALERTA
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) assinaram o alerta de emergência hídrica pela primeira vez em função das previsões de chuvas próximo ou abaixo da média até setembro deste ano. Além disso, a Região Hidrográfica do Paraná passa por um déficit de precipitações severo desde outubro de 2019, segundo o SNM, e os mapas do Monitor de Secas.
VAZÕES
Conforme acompanhamento da ANA, diversos locais da região hidrográfica do Paraná registraram vazões baixas a extremamente baixas tanto em 2019 quanto no período chuvoso de 2020/2021, quando foram registradas as menores vazões afluentes a alguns reservatórios representativos da região dos últimos cinco anos. Em Porto Primavera , na divida entre MS e SP, por exemplo, as vazões afluentes em maio de 2021 foram as menores de todo o histórico de 91 anos.
Quanto aos volumes armazenados nos reservatórios, em 1º de maio, sete dos 14 principais reservatórios de hidrelétricas da região estavam com seu pior nível desde 1999. E os demais estavam com níveis entre os cinco piores desse período.
Em razão da crise hídrica, o Ministério de Minas e Energia ordenou a redução da vazão nas usinas Jupiá, em Três Lagoas, e Porto Primavera, em Batayporã. Em razão disso, diminuiu o fluxo de água no rio. A crise hídrica afeta o bolso do contribuinte, já que a energia elétrica fica mais cara.
ONG
A ONG Rio Paraná acompanha toda essa situação e questiona a prioridade dada pelo governo ao setor elétrico, em detrimento das questões ambientais. “O rio vive o pior momento já registrado, a pior estiagem. Um dos agravantes na região de Porto Primavera tem se encontrado muitos peixes mortos. Em Três Lagoas, quando se passa pela ponte, vê uma faixa de área, de terra, nunca vista por boa parte da nossa geração. São muitos problemas, inclusive de poluição. No intuito de não afetar a produtividade das usinas elas seguram o máximo que podem as represas. Com isso, as partes baixas das represas sofrem muito com a seca, impactando não só a pesca, mas a economia, e o meio ambiente. Então é muito grave, muito triste o que vem acontecendo”, destacou o vice-presidente da ONG Rio Paraná, Raphael Primos.