Dom Luiz Gonçalves Knuppassumiu no dia 2 de maio deste ano aDiocese de Três Lagoas. Ele erapadre da paróquia Nossa Senhora de Fátima em Marialva, na Arquidiocese de Maringá (PR). Após estudar filosofia e teologia no Paraná, foi ordenado sacerdote em abril de 1999. Agora, está à frente da Diocese de Três Lagoas. Na entrevista especial da semana, o Jornal do Povo conversou com Dom Luiz Gonçalves Knupp, o novo bispo de Três Lagoas.
Jornal do Povo – Foi uma surpresa para o senhor ser nomeado bispo?
Dom Luiz Gonçalves Knupp – Sim, sempre uma surpresa, pois a gente se preparada para ser bispo, essa é a nossa missão. A escolha para ser bispo é uma coisa alheia a nossa escolha.
JP-O senhor encara essa nova fase como um desafio ?
Dom Knupp- Sim, sempre um desafio, a vida é um desafio, seja ela em qual segmento. Como padre é um desafio, como bispo aumenta a responsabilidade, é toda uma Diocese, um povo que a gente tem a missão de estar com ele, para que faça um caminho de vida cristã, com coerência, com eficácia nas respostas do dia a dia.
JP- Já deu para o senhor tomar conhecimento da Diocese de Três Lagoas ?
Dom Knupp- Estou fazendo isso, pois assumi tem menos de um mês. Estou percorrendo as cidades que compõe a diocese, e conhecendo o trabalho que é realizado nessas cidades, verificando o que está dando certo, o que pode ser melhorado, por isso ainda não tenho todo conhecimento.
JP-Quantas cidades fazem parte da Diocese de Três Lagoas? E Nesse levantamento inicial já deu para tomar conhecimento das principais carências da Diocese ?
Dom Knupp-São dez cidades. Uma das dificuldades é a questão da distância. Estamos aqui, muito distante, e isso dificulta a reunião para a formação , aquele trabalho mais afinado entre todas as paróquias. Além do que, cada cidade tem suas peculiaridades, devidoàs distâncias. Então, esse parece ser um desafio, nos reunirmos mais vezes, refletirmos juntos e definir o caminho que vamos fazer em uma pastoral orgânica.
JP- A diocese é composta com quantas paróquias ?
Dom Knupp- São 15 paróquias, mas a gente percebe a necessidade de mais para atender melhor essas comunidades. Pretendemos possibilitar um melhor atendimento para as pessoas. E, me parece, pelo que as pessoas, os padres têm se manifestado, essa é uma necessidade.E se essa uma necessidade, então é uma prioridade.
JP- A Diocese de Três Lagoas tem um número considerado de padres, ou existe uma carência?
Dom Knupp- Temos atendimentos em todas as paroquias, mas precisaríamos de mais padres, mesmo porque somos nove padres diocesanos. Temos padres de outras dioceses que estão aqui nos ajudando com uma generosidade dos bispos que os cederam para trabalhar aqui, além de uma congregação de missionários de São José, que atendem a quatro paróquias. Mas, a congregação tem o carisma de ajudar,enquanto a Diocese ainda não tem o seu clero formado. Portanto, esse é nosso desafio, ter mais vocações, de maneira que agente tenha então o clero local capaz de trabalhar e atender às necessidades que temos.
JP- Qual o motivo desta carência de padres?
Dom Knupp-Acho que isso é geral. Algumas Dioceses têm um número elevado de padres, em outras regiões temos menos padres. As regiões Oeste, Nordeste e Norte, tem uma carência de padre. Ao passo que Sudeste e Sul têm um numero considerável, conseguindo manter dois padres em uma paroquia, porque tem oferta grande.
JP-Ainda existe um número bom de pessoas querendo ser padres, ou vem diminuindo?
Dom Knupp-A gente percebe que as vocações sacerdotais estão com um número considerável, isto é, não temos excesso de procura, mas também, não temos aquela procura inexistente. Temos mantido certo número de rapazes que procuram o seminário. A Diocese de Três Lagoas está com um número considerável, são nove rapazes que estão se preparando para a vida sacerdotal. Parece que na história da Diocese este é um momento muito bom com esse número de vocações.
JP- O número de fiéis católicos tem diminuído?
Dom Knupp-Acho que é uma série de fatores que resultam nisso [redução]. A gente vivia em uma cultura, onde as pessoas eram pressionadas a ter uma religião e, normalmente, elas se declaravam católicas, que era e, ainda é a maioria. Hoje tem diminuído bastante essa pressão. Então, muitos daqueles que declaravam católicos, mas que não tinham uma participação, hoje já conseguem assumir que não são mais católicos. Quanto ao número de evangélicos também a um trabalho bastante acirrado, pois a cada dia tem uma nova igreja, uma nova possibilidade. Então, se tem uma igreja ali pertinho da casa e a pessoa não está participando de nenhuma, ela acaba sendo atraída até pela proximidade, em começar a participar e se declarar evangélica. Para a igreja Católica, ainda falta ter mais pontos de celebração nos bairros e possibilitar esta proximidade das pessoas. Mas, existe todo um chamado da igreja, seja do padre e dos bispos para que se tornemos mais próximos e possibilite aqueles que são católicos, apenas culturalmente, a ter de fato um engajamento.
JP- Como o senhor analisa o número de católicos que tem participado das missas em Três Lagoas?
Dom Knupp-Estou há pouco tempo em Três Lagoas, mas esse início, quando o bispo participa, tem muita gente. Acredito que tem bastante gente, mas sempre pode ser melhorada a participação, mesmo porque tem poucos pontos de celebração ainda. E na medida em que a gente consiga aumentar o número de capelas, ou mesmo de algumas paróquias a mais, a gente vai possibilitar a mais gente frequentar e participar.
JP-E como o senhor pretende conduzir o seu trabalho à frente da Diocese?
Dom Knupp-A minha metodologia é a de caminhar junto, envolver bispos, padres, religiosos, e o povo de Deus, em um caminho de comunhão, de participação. Os bispos já vêm pedindo isso, que haja de fato esse compromisso com todos, nesta expectativa de comunhão e participação. E que, leigos não sintam alheios das igrejas e caminhos de vida cristã. E que, juntos possam ir fazendo esse caminho e sua missão. A nossa meta é que consigamos, no diálogo, na participação, ir construindo um caminho conjunto, orgânico, onde os cristãos possam fazer o reino de justiça acontecer, um reino de justiça e fraternidade para que todos tenham vez e voz.
JP- Qual o recado que o senhor deixa para a população de Três Lagoas ?
Dom Knupp- Que as pessoas possam buscar a Deus. Já estive nesta semana, inclusive, conversando com os juízes e promotores, e todos frisaram a importância das pessoas terem religião , solicitaram, inclusive, mais a presença da igreja católica nos presídios. Enfim, sem Deus não é possível que as pessoas tenham de fato sentimentos de convivência social. Eu diria às pessoas, busque a Deus que é a força que nos ajuda a encontrar sentido a nossa existência.