Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Calçada no centro da cidade serve de abrigo para moradores de rua

Prefeitura espera retirada dos trilhos para revitalizar calçada da avenida Rosário Congro

Em Três Lagoas, 30 pessoa vivem em situação de rua -
Em Três Lagoas, 30 pessoa vivem em situação de rua -

A calçada da avenida Rosário Congro, onde há anos abrigou o Camelódromo de Três Lagoas, se transformou em um verdadeiro abrigo para  os moradores de ruas. O local, está tomado por colchões, roupas, entre outros pertencesses. Além do aspecto negativo que tem causado para a cidade, várias pessoas tem reclamado do mau cheiro no local.  

Além disso, a população reclama ainda da falta de acessibilidade na calçada nesse trecho da avenida Rosário Congro. A revitalização desse espaço é aguardada há mais de dois anos, desde que o Camelódromo mudou para o prédio do antigo Mercado Municipal.


A administração municipal chegou a publicar edital, em 2011, contratando uma empresa para executar a revitalização dessa calçada, mas, até hoje isso ainda não aconteceu. A calçada continua deteriorada, o que tem dificultado o trânsito dos pedestres. Além de colocar em risco a vida deles, que acabam transitando pela rua, a atual situação da avenida tem contribuído negativamente em relação à paisagem da cidade, já que a avenidaRosário Congro é uma das principais vias de acesso ao centro da cidade.


REVITALIZAÇÃO
Segundo a secretária de Planejamento, Carmem Goulart, a secretaria irá elaborar um projeto de revitalização para essa avenida. Contudo, disse que é preciso aguardar a conclusão das obras do contorno ferroviário e, consequentemente a retirada dos trilhos para a execução desse projeto.


Além disso, a secretária informou que o governo do Estado também está elaborando um projeto que prevê a revitalização dessa área, assim que as obras do contorno forem concluídas. A vice-governadora Simone Tebet já havia informado que o governo do Estado já garantiu mais de R$ 15 milhões para revitalização do entorno da estrada de ferro.


Carmem Goulart, destacou que o projeto que o governo estadual pretende executar em Três Lagoas prevê a abertura de novas ruas, interligando o centro aos bairros. Entretanto, já tranquilizou as famílias que moram na Esplanada da NOB, que não haverá a necessidade de desapropriação de imóveis.


Ainda segundo a secretária de Planejamento, a Prefeitura pretende revitalizar os galpões da antiga Estação Ferroviária, para abrigar a feira livre, assim como ocorreu em Campo Grande. Com a retirada dos trilhos, a intenção da administração municipal é abrir novas vagas de estacionamento nessa área, plantar mais árvores e transformar o local em uma verdadeira área de lazer.

Em Três Lagoas, 30 pessoa vivem em situação de rua 
Apesar de todo trabalho que a Secretaria de Assistência Social realiza com as pessoas em situação de rua, elas insistem em viver nessas condições. Segundo a diretora do Departamento de Proteção Especial da Secretaria de Assistência Social, Mara Carrara, atualmente existem 30 pessoas morando em ruas da cidade. Dessas, 13 são do município e 17 de outras cidades.


Ela informou que essas pessoas em situação de rua, ficam na avenida Rosário Congro, na praça da rodoviária, e em outros pontos da cidade. De acordo com a diretora, toda semana a equipe da Secretaria de Assistência Social faz um trabalho de busca ativa pelas ruas da cidade, a fim de verificar e acompanhar a situação dessas pessoas.


A diretora disse que é oferecido atendimento médico, psicológico, além de apoio no centro de tratamento contra o uso de drogas e álcool. “Oferecemos atendimento na área da saúde, emprego e providenciamos os documentos pessoais dessas pessoas. Mas, muitas não aceitam. Temos declarações, inclusive com documentos assinados de que eles querem continuar na rua. E, eles têm esse direito. Vários, já aceitaram ajuda e estão trabalhando, outros não”, destacou a diretora.


Em alguns casos, já é mais difícil porque a pessoa é dependente de álcool ou de drogas e a família passa a não aceitá-lo mais. É o caso do aposentado Osmar Ferreira Leite, de 60 anos, que mora na rua há 15 anos. Ele contou que é alcoólatra e que seus familiares não o aceitam em suas casas. “Eu morava com minha mãe, mas ela morreu. Meus irmãos resolveram desmanchar a casa, então, eu tive que morar na rua”, relatou a reportagem.


Leite disse que não gosta de morar na rua, mas não tem outra opção. Ele informou que faz tratamento no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS). “Eu não tenho filhos, não tenho esposa, sou abandonado. Minha família não me aceita” declarou.


Já Ginvaldo Batista dos Santos, apesar ter aparência de homemidoso, tem 52 anos e há três anos mora na rua. Ele falou que veio do Estado de São Paulo para trabalhar na região de Três Lagoas. “Eu trabalhei dez anos em Água Clara e dez anos em Ribas do Rio Pardo. Depois trabalhei em uma fazenda, que tinha um escritório em Três Lagoas. Quando eu vim receber fui roubado, levaram o meu dinheiro e meus documentos. Então, passei a morar na rua” relatou.
Santos contou que a família reside no estado de São Paulo, e que seus filhos já tentaram leva-lo para a cidade de origem, porém não aceitou. Ele alega que, enquanto não estiver com todos os documentos pessoais para arrumar um emprego e ganhar o próprio dinheiro não pretende retornar para o convívio da família. Ginvaldo, disse que fuma e bebe. Outros que estavam na calçada da avenida Rosário Congro alegaram que preferem morar na rua do que no Albergue Municipal, já que no local existe um prazo de três dias e, no máximo, uma semana para a pessoa ficar abrigada.