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Caminhoneiro foi executado com um tiro na cabeça, afirma a polícia

Foram 24 horas de buscas para encontrar a vítima; policiais acreditavam que ela estava viva

Major Élcio Almeida, subcomandante da PM, ao lado do delegado Thiago Passos, da SIG - Renata Prandini
Major Élcio Almeida, subcomandante da PM, ao lado do delegado Thiago Passos, da SIG - Renata Prandini

O caminhoneiro Luiz Pereira da Costa, 53 anos, foi executado com um tiro na cabeça, a sangue frio, segundo o delegado Thiago Passos, da Seção de Investigações Gerais (SIG), em coletiva à imprensa realizada na tarde de quarta-feira, 21, para apresentar detalhes da operação de buscas, que durou quase 24 horas.

De acordo com o subcomandante da Polícia Militar, major Élcio Almeida, que também participou da coletiva, a operação conjunta entre PM e Polícia Civil contou com a atuação de aproximadamente 20 policiais. Além da equipe local, o helicóptero do Comando da Polícia Militar e uma equipe com cães farejadores já estavam apostas para iniciar as buscas. “Tínhamos pressa. Porque para nós, a vítima ainda estava viva, amarrada em algum ponto de uma floresta plantada, sem comer ou beber. Trabalhávamos com a possibilidade de ela estar machucada, mas não morta”, destacou o oficial.

As buscas por Luiz Pereira da Costa, morador do bairro São Carlos, tiveram início às 8h de terça-feira, dia 20, quando policiais militares localizaram o caminhão dele, um Volkswagen tipo baú. Em contato com a família do motorista, a Polícia Militar descobriu que a vítima havia saído para um frete às 5h daquele dia e não tinha entrado mais em contato.

Com o apoio do Serviço de Inteligência, uma equipe da Polícia Militar conseguiu chegar a casa onde estava um dos adolescentes que estaria envolvido no crime. O garoto, de 17 anos, tentou fugir pulando os muros, enquanto os policiais conversavam com o proprietário do imóvel, um homem de 32 anos. No entanto, foi apreendido pelo cerco policial montado naquele quarteirão.

A apreensão aconteceu no Jardim Imperial, bairro onde o adolescente e o único maior preso na operação até o momento residiam. O outro adolescente, um garoto de 16 anos, foi apreendido na Vila Haro. Com ele, foi encontrada a arma do crime, um revólver calibre 38 com quatro munições, uma delas usada.

O SEQUESTRO

Segundo apurado até o momento pela polícia, na segunda-feira, o grupo teria contratado a vítima para fazer o frete de Três Lagoas à Água Clara. Inicialmente, chegou-se a pedir para fazer a viagem à noite, mas o pedido foi recusado pela vítima. Então, marcaram de sair às 5h de terça-feira, de um ponto situado no bairro Vila Verde. “As câmeras de segurança da PM flagraram o caminhão passando às 5h08 rumo à saída de Três Lagoas. Provavelmente, a vítima já havia sido rendida”.

Os suspeitos confessaram que renderam o caminhoneiro assim que ele estacionou o veículo. Em seguida, foi obrigado a levar o veículo até a rodovia BR-262. Em uma fazenda naquela região, foi amarrado com fitas utilizadas para fixar a carga e obrigado a se ajoelhar e colocar a cabeça entre as mãos, que estavam amarradas para frente, quase encostando o rosto no chão. Duas pessoas, o adulto preso e um dos adolescentes, ficaram com ele. Enquanto outros dois, o outro adolescente e uma quarta pessoa cuja participação ainda está sendo investigada, seguiram viagem.

A polícia acredita que a vítima tenha sido executada logo após a saída do caminhão. “Os exames periciais apontaram que a vítima estava morta há mais de 24h depois de encontrada. O tiro foi à queima roupa, uma execução”, destacou.

SUSPEITO

À equipe de reportagem do telejornal TVC Agora, da TVC, o rapaz de 21 anos confessou o crime. Disse que receberia R$ 20 mil pelo roubo do caminhão, mas nega a intenção de matar. De acordo com ele, suas mãos tremeram devido ao nervosismo e a arma disparou acidentalmente. “Depois disso, saí correndo e fui para minha casa. Fui embora a pé mesmo. Cheguei e fiquei com os meus pais. Até que a polícia chegou”.  A arma do crime foi deixada com o adolescente após a fuga. O objetivo era levar o veículo para o Paraguai.

O delegado Thiago Passos questiona: “Precisamos do resultado de mais exames. Mas, pela forma com que a vítima foi encontrada, ficou claro que a vítima não reagiu. Na verdade, ela nem viu o que estava acontecendo”.

&saibaTambém foi descartada pela polícia a possibilidade de a vítima ter reconhecido um dos suspeitos e, por isso, ter sido morta. “Descobrimos que antes de contratar a vítima, eles teriam tentado contratar outros três caminhoneiros, na região da avenida Rosário Congro. Ou seja, estavam escolhendo aleatoriamente. Aquele que aceitasse, teria este triste fim”, disse o tenente Rafael Alves, que ao lado do tenente Alessandro Venâncio, ambos da Polícia Militar, comandou as buscas.

PARTICIPAÇÃO

Outras três pessoas foram detidas por ter colaborado na fuga ou esconderijo do trio. “A polícia agora analisa se esses três, todos amigos dos suspeitos, vão responder somente por facilitação ou por participação ativa no crime”, explicou Thiago Passos.

O jovem de 21 anos foi preso e encaminhado para a Penitenciária de Segurança Média de Três Lagoas. Ele deverá responder por latrocínio (roubo seguido de morte), cárcere privado e corrupção de menores. Já os outros adolescentes permanecem na cadeia pública, até decisão judicial.