Seja impressa ou digital, o candidato que vai fazer as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) este ano vai precisar sair de casa com a caneta na mão, máscara no rosto e álcool em gel a tiracolo. Desta vez, não basta o conhecimento acumulado para poder garantir o bom desempenho no teste.
Para Thayse Caroline de Matos Henrique, 20 anos, a preparação para o Enem 2020 já foi complicado diante da necessidade de se adaptar às aulas à distância e agora que o exame chegou, a ansiedade aumenta com o risco que há em se expor ao vírus, mesmo tomando todos os cuidados.
Ela já preparou máscara e álcool para levar no dia da prova, mas afirma que evita focar o pensamento nisso para não ficar ainda mais ansiosa. “Tento focar no estudo mesmo, porque ficar pensando (na prova em meio à pandemia) só atrapalha, aumenta a ansiedade. Fujo de pensar nisso”.
Ela pretende conseguir pontuar bem no Enem para acessar algum curso de graduação em Medicina, o que tenta já há três anos. Ela diz que vai separar ainda um lanche para levar e água. “Não quero ficar problematizando, reclamando que vou ter que ficar várias horas de máscara. Quero me preparar bem”, reforça.
A estudante comentou ainda que decidiu manter a prova impressa ao invés de arriscar tentando fazer o exame por meio digital. “É o terceiro ano que faço o Enem e sempre fiz impresso, me preparei pra ele e também porque ficar muito tempo na frente do computador cansa. Preferi não arriscar e tentar fazer a prova da forma que sempre fiz”.
Também se preparando para o exame impresso, Francisco Freire Barbosa, 18 anos, fará a prova pela segunda vez e quer cursar Física. Para ele, fazer o teste nesse tempo de pandemia é um motivo a mais para nervosismo. “São duas coisas para se preocupar”, avalia. Entre as medidas que ele vai tentar adotar para evitar contágio é sair mais cedo de casa para evitar ter contato com muita gente e manter o distanciamento no local de prova. “Vou evitar ficar perto das pessoas”, comenta, lembrando que máscara e álcool em gel são as ações básicas para evitar qualquer infecção.
Sobre fazer a prova impressa ao invés da digital, ele afirma que acredita ser melhor, mas também porque as primeiras datas do Enem Digital coincidiam com outros vestibulares dos quais ele vai participar.
Para a mãe dele, Flávia Freire, a apreensão é maior neste ano por causa do novo coronavírus, mas “quando lembro que há regras e que elas vão ser seguidas, e quando penso no bom senso dele, eu me acalmo, até porque fazer essa prova é um compromisso importante pra uma nova etapa da vida dele”, avalia.
Prova digital – o professor de Química, Guilherme Vargas, vai fazer o Enem Digital para saber como é e poder repassar isso aos seus alunos posteriormente. Ele afirma que nenhum dos alunos para quem dá aula fará o exame pelo computador e acredita que o que afastou os alunos dessa possibilidade foi a insegurança. Ele explica ainda que o Enem Digital será aplicado em polos específicos, como na edição impressa, mas com a prova sendo feita pelo computador. “Vai ter um fiscal aplicando a prova, todos vão pra uma sala, terão os computadores, mas não internet”, diz.
Uma dúvida nesse modelo é como será aplicada a Redação e segundo ele, esta terá que ser feita de próprio punho. “Vai ser em papel, inclusive com folha de rascunho e não digitada”.
Para o professor de Biologia, Edilson Soares da Silveira, poucos alunos optaram pelo Enem Digital por se sentirem inseguros e por acreditarem mais no modelo tradicional de prova. “Poucos optaram pelo digital também acreditando que pandemia ia estar controlada, mas eu acredito que tudo vai caminhar pra que o Enem se torne 100% digital nos próximos anos”.
Em Mato Grosso do Sul, 84.634 pessoas se inscreveram no exame em Mato Grosso do Sul. Desses, apenas 1.924 vão fazer a prova digital.