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Três Lagoas

CCZ inicia censo canino na Vila Piloto

Coordenador da unidade estima que a população canina tenha reduzido 50% em dez anos

O Centro de Controle de Zoonoses deu início, nesta semana, ao Censo Canino e Felino em Três Lagoas. A pesquisa, iniciada pelo bairro Vila Piloto, visa identificar a quantidade de cães e gatos existentes na cidade.

Conforme o coordenador do CCZ, Luiz Antônio Empke, o censo – diferentemente do inquérito canino – busca apenas quantificar a população canina no município para auxiliar, no futuro, as campanhas de vacinação e ações de conscientização. “É como se fosse o Censo realizado pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], só que voltado para os animais. O objetivo é saber quantos animais existem em Três Lagoas. Essa pergunta, hoje, não consigo responder”, explicou.


Há pouco mais de dez anos, em 2002, a cidade contava com uma população canina de cerca de 20 mil animais. Hoje, principalmente por conta da epidemia de leishmaniose em cães, estima-se que esse número tenha sido reduzido pela metade. 


“É para responder a essa sua pergunta que estou fazendo o censo. Através dele, também saberemos a quantidade de gatos e cães fêmeas existentes na cidade. Assim, teremos como estimar, com base no cruzamento de dados do CCZ, o número de nascimentos e mortes de animais no município, o que possibilitará, por exemplo, preparar melhor a Campanha Nacional de Vacinação Antirrábica, que acontecerá em outubro deste ano”, destacou.


A realização de um censo canino no município vinha sendo discutida há cerca de seis anos, porém, como explicou o veterinário, não pôde ser colocada em prática antes por falta de funcionários. “Vontade a gente tinha, meios também, só faltavam recursos humanos para realizar o Censo. Agora, a Secretaria Municipal de Saúde nos forneceu cinco funcionários que serão empenhados na pesquisa”.


Conforme o coordenador do CCZ, até ontem, sete profissionais estavam trabalhando no Censo. Hoje, este número passará para dez servidores. As equipes ainda contarão com o apoio de dois carros do CCZ e com o acompanhamento de um veterinário.

PESQUISA
Empke explicou que os funcionários passarão de casa em casa verificando qual é o número de cães e gatos existentes na residência. Em seguida, pedirão para verificar a carteirinha de vacinação e também para ver o animal. “Caso ele esteja com sinais aparentes de leishmaniose, os servidores anotarão o caso em uma ficha e uma equipe da Zoonoses retornará no dia seguinte para fazer a coleta de sangue para exame.  Além disso, se a carteira de vacinação estiver desatualizada há muito tempo, também poderemos retornar para vaciná-los. Doses em nosso estoque, nós temos”, completou.


O CCZ espera encerrar o censo na Vila Piloto dentro de dez dias. Depois, as equipes iniciarão o levantamento nos bairros próximos, como Vila Alegre e Jardim Alvorada. A expectativa é que o trabalho em toda a cidade seja concluído dentro de 90 dias.

CASTRAÇÃO
O coordenador do CCZ antecipou ainda a possibilidade de passar a oferecer o serviço de castração de animais em Três Lagoas. De acordo com ele, além da ampliação da unidade, anunciada no mês passado, foram solicitadas à prefeitura a reforma do canil, a readequação do local onde são realizadas as eutanásias e também a implantação de uma sala de cirurgia. “Formalizei o pedido à secretária Carmen [Goulart] e um engenheiro da prefeitura já esteve no CCZ para analisar o espaço”.


A princípio, o procedimento de castração gratuito deverá ser realizado em felinos. “O gato se reproduz muito rápido. Em 90 dias, a gata tem uma cria e pode pegar outra. Por isso, deveremos começar com elas.  Já a castração em cães só é indicada em casos de superpopulação. Por isto, utilizarei os dados do Censo para saber se haverá, ou não, necessidade”, explicou.

INVESTIGAÇÃO
Sobre a falta de um serviço de doação de animais, um dos questionamentos do promotor de Justiça Antônio Carlos Garcia de Oliveira em inquérito civil aberto pelo Ministério Público, Luiz Antônio Empke informou que, por ser uma cidade endêmica, o CCZ não pode assumir essa responsabilidade. “O animal chega aqui, fazemos o exame e dá negativo. No dia seguinte, ele é picado e contrai a doença e eu entrego ao dono um cachorro contaminado. É um risco que eu não posso correr”.


Ele também negou uma possível matança de animais na instituição. “Recebemos uma média de 300 cães por mês. Mas nem todos são sacrificados pelo CCZ. Em abril, recebemos 31 animais de municípios como Selvíria, Brasilândia e Água Clara, e também 32 animais mortos entregues por clínicas particulares. Ou seja, foram 240 animais sacrificados pelo CCZ. Desse total, 225 estavam com leishmaniose e o restante apresentava outras zoonoses, como a cinomose, em sua maioria em estágio avançado”. (Com a colaboração de Ana Cristina Santos)