Independentemente do porte, empresas organizadas traçam suas estratégias para um prazo mínimo de cinco anos. Uma boa estratégia define os resultados desejados a longo prazo e, para cumpri-los, aciona planos de ação de médio prazo com ajustes no curto prazo. Na verdade, desenha-se um futuro e preveem-se cenários otimistas, realistas e pessimistas, sem saber ao certo quais fatores impactarão o futuro.
A evolução frequente da tecnologia provocou a transformação digital e com ela a Indústria 4.0, Varejo 4.0, Shopper Centricity e outros conceitos, aos quais as empresas precisam estar adequadas sob o risco de perecer a médio prazo. Um plano claro de futuro prevendo o investimento e a implantação da tecnologia certa, treinamento dos recursos, contratação de novos colaboradores, definição dos produtos e da abordagem de mercado consome tempo. Não dá para desejar tudo isso no final de um ano e esperar sucesso no mesmo período. A frustração pode ser grande.
Gastam-se vários meses, ou anos, para uma empresa estabelecer um posicionamento adequado ao seu propósito, isso porque, além de toda a preparação interna, é preciso explicar ao mercado o que ela está se propondo a fazer, e o reconhecimento vem meses depois de o fato ter ocorrido, se o planejamento de marketing tiver sucesso.
Infelizmente, a virada de ano é boa para as promessas das pessoas – como fazer mais exercícios, parar de fumar, economizar dinheiro e assim por diante. No mundo corporativo não funciona bem assim. Entretanto, é claro que temos uma revisão anual, trimestral e até mensal, sempre levando em conta o mercado a curto prazo, e aí decisões são tomadas.
Se as condições não são favoráveis, investimentos são adiados, custos são reduzidos, produtos têm a produção suspensa pensado na saúde do negócio. Nesse momento, é preciso muito sangue frio para manter a equipe ao máximo, porque conhecimento é vital para uma rápida retomada. Por outro lado, se as condições são favoráveis, as ações são alavancadas, sempre com o objetivo de atender, da melhor forma possível, ao plano de longo prazo.
As variáveis externas são muitas, a vacinação é uma delas, mas o fato é que a pandemia trouxe muitas mudanças, e algumas delas jamais voltarão. Nesse ponto, entra um outro fator importante – paradigmas foram feitos para serem quebrados. Alguém acredita que em um dia mágico todos retornarão ao trabalho presencial como antes? Não seria razoável supor que empresas reduzirão seus espaços físicos e que as barreiras que tornavam inaceitáveis reuniões à distância foram superadas?
O que muitas vezes ocorre é um otimismo exagerado. A vacinação é um processo absurdamente complexo. Além da própria vacina, que ainda não está totalmente consolidada, existe a logística de manutenção, transporte e uso, os profissionais da saúde envolvidos no processo e as distâncias continentais do país, só para citar algumas.
A vacinação vai atravessar 2021 e os seus efeitos não são imediatos. Ainda teremos altos e baixos neste ano na curva de contaminados e de mortos pela covid-19, assim como mudanças na cotação do dólar, na variação da bolsa, no preço das commodities e assim por diante. Por mais triste que pareça, essa é a realidade.
Planejamento é um exercício de “futurologia”, mas com uma forte pitada de realismo. A nossa história tem muitos exemplos. Basta olhar para o passado e usar isso como insumo. Quantos anos passamos sem algum impacto externo importante?
Sempre houve alguém fazendo seu planejamento estratégico, alguns deram certo, outros nem tanto. Nenhum deles tinha uma bola de cristal. Todos aprenderam com o passado. Pandemias vêm e vão, e há quem diga que cada vez de forma mais acelerada. Mudanças de governo. Greves. Enchentes.
Nós da InterPlayers nos fundamentamos em planejamento estratégico de longo, médio e curto prazo. Em 2017 iniciamos uma estruturação para assumir o posicionamento de Hub de Negócios da Saúde e Bem-Estar, em 2019 fizemos essa comunicação tendo, no ano de 2020, nos consolidado no mercado.
Quanto ao home office, o implantamos para 100% dos mais de 600 colaboradores no início da pandemia, voltando, paulatinamente e dentro das regras de segurança determinadas, com parte dos colaboradores em regime parcial ou total de presença física, de acordo com a demanda. Muito se aprendeu com o trabalho remoto, chegando a uma produtividade adequada da equipe, sem qualquer medida que tivesse de voltar atrás por conta das medidas de contenção da covid-19.
*Natalino Barioni é fundador da SevenPDV e da Siena Innova, Comitê Inovação, P&D da InterPlayers