Após ter os crimes sexuais acobertados pela própria mãe, um homem acabou condenado a 8 anos de prisão, no regime semiaberto, por estupro de uma criança de 9 anos. O julgamento foi realizado nesta segunda-feira (2), na 1ª Vara de Justiça de Três Lagoas.
O homem, de 28 anos, respondia em liberdade as acusações de molestar sexualmente e estuprar uma prima, que na época do crime, tinha entre 9 e 10 anos de idade. O fato teria ocorrido em 2013. Nove anos depois e quase um ano do processo transitando na Justiça, o acusado acabou sentenciado pela Justiça de Mato Grosso do Sul a 8 anos de prisão em regime semiaberto e ao pagamento de R$ 20 mil de indenização à vítima que atualmente vai completar 19 anos.
Entre os anos de 2013 e 2014, o acusado, que na época tinha 18 anos, teria ido até a escola, no bairro Vila Piloto, buscar os primos e primas mais novos. Durante o trajeto do colégio até sua casa, em um loteamento no Cinturão Verde, o homem passou em cada residência dos parentes para deixar seus primos.
Mas infelizmente a menina não foi deixada na residência e acabou vivenciando momentos de terror. A criança foi levada para um matagal e lá molestada pelo primo que teria tirado suas vestes e após passar suas mãos nas partes intimas da criança, tentou estuprá-la.
A menina teria conseguido fugir do primo após gritar por socorro, ele a soltou. Depois, a criança fugiu retornando para a escola, onde pediu por ajuda e seus pais foram chamados. Após contar aos seus pais o que teria acontecido, a família foi até o loteamento onde o acusado morava com os pais (avós da vítima), mas ele havia fugido.
Durante esse tempo a vítima foi tratada pela avó e outros familiares como culpada pelo crime. Segundo a Polícia Civil, para a avó e outros familiares, a culpa de o jovem tentar estuprar a própria prima seria da criança que “teria o seduzido”. Após esse tempo todo o autor havia se mantido foragido. Mas, em agosto de 2021, a vítima procurou a Polícia Civil e denunciou o crime ao saber que o acusado estaria vivendo novamente no local, onde haveria mais crianças com risco de serem violentadas.
Na época, a 2ª Delegacia de Polícia e a DAM (Delegacia de Atendimento a Mulher) realizaram um trabalho investigativo e várias pessoas foram ouvidas pelas delegadas Letícia Mobis e Nelly Macedo, em conjunto com os delegados Marcílio Leitte e Ricardo Cavagna, que deflagaram a operação "Sodoma e Gomorra". Juntos descobriram que a tragédia familiar seria ainda pior, já que mais crianças estariam sofrendo abusos de outros parentes e muitas já haviam sido estupradas por primos e tios.
Da monstruosidade dos crimes de estupros, a investigação da Polícia Civil ainda descobriu que os abusos praticados pelos homens daquela família eram acobertados pela matriarca (mãe e avó) dos autores e das vítimas. Sempre que informada dos abusos, a idosa que tinha 77 anos à época, repreendia as vítimas e dizia que se elas contassem para a polícia, os tios e um primo que eram acusados dos abusos, seriam presos, morreriam na cadeia e a culpa de acabar com a família seria delas (vítimas). Também que se acontecesse alguma coisa seria porque as vítimas teriam provocado a situação e que os filhos delas, poderiam ser presos, o que seria um desgosto para a idosa.
Após completar 18 anos, saber das possibilidades de mais crimes sexuais por parte do primo e sabendo que mais crianças corriam o risco de ter o mesmo final ou até pior, a vítima procurou a delegacia que realizou a operação "Sodoma e Gomorra", em 2021, resultando na prisão de quatro pessoas, entre elas o autor do estupro em 2013 e 2014, dois homens e a matriarca da família que acobertava os crimes sexuais.
O mais velho de 28 anos foi condenado, nesta segunda-feira (2), mas o caso não foi encerrado e outras 3 pessoas continuam respondendo na Justiça pelos crimes sexuais que causaram medo, pânico, perplexidade em Três Lagoas e acabou virando destaque nacional.