O empresário Osmar Francisco de Oliveira, 53, mais conhecido como Shiko, há 25 anos trocou Araçatuba/SP para investir na área comercial em Três Lagoas. Hoje, à frente da Citocal, ele diz que a mudança trouxe resultados positivos na sua vida financeira e pessoal.
Três Lagoas
Conferência do Rotary injetou R$ 500 mil na economia local
Mas o empresário não fez carreira somente na área comercial. Ele também atua, há 24 anos, como voluntário do Rotary Club Cidade das Águas, em Três Lagoas. Essa paixão em ajudar o próximo faz com que Shiko dedique várias horas do seu dia em prol da comunidade três-lagoense. Porém, de julho de 2012 a junho/2013, ele foi eleito para ser governador distrital – do Distrito 4470, e sua dedicação foi redobrada ao estar à frente de 76 clubes de algumas cidades do Mato Grosso do Sul e da região Noroeste Paulista (Castilho a Avanhandava). Na entrevista especial desta semana, o Jornal do povo conversou com o empresário Osmar Francisco de Oliveira sobre esse e outros assuntos.
Jornal do Povo – Foi uma boa iniciativa trocar Araçatuba por Três Lagoas?
Osmar Francisco de Oliveira (Shiko) – Sem margem de dúvidas, uma vez que, aqui, “praticamente” criei minha família e finquei minhas raízes.
JP – Há quanto tempo está no Rotary?
Shiko – 24 anos.
JP – O senhor é governador distrital do Rotary. Qual a função do governador?
Shiko – Comandar os clubes pertencentes ao Distrito. No meu caso, pertenço ao Distrito 4470, que engloba 76 clubes de algumas cidades do Mato Grosso do Sul e de outras da região Noroeste Paulista (Castilho a Avanhandava). Resumindo, é um líder comandando quase dois mil líderes. É um trabalho interessante. Para mim, foi um crescimento muito grande e uma experiência fantástica.
JP – É uma missão trabalhosa?
Shiko – Eu digo que é preciso ter compromisso. É bastante trabalhoso, mas vale a pena.
JP – O que você extrai de positivo desta experiência de governar o Distrito 4470?
Shiko – O companheirismo, pois a minha família deixou de ser composta por cinco membros (eu, minha esposa, dois filhos e uma nora) para ser formada por quase 2.500 pessoas. Nesse convívio, construí amizades verdadeiras.
JP – Quais os projetos desenvolvidos pelo Rotary em Três Lagoas?
Shiko – São vários, porque o Rotary não é responsável pela tutela dos projetos. Na verdade, ele apenas os inicia e a equipe assistida com o decorrer do tempo tem que se sustentar. Então, o clube colabora na elaboração e depois se desliga. São exemplos disso a creche da Vila Piloto, o Lar dos Velhos e o Poço de Jacó, que tiveram a colaboração do Rotary. Enfim, são vários projetos que foram encampados pelo Rotary e estão aí até hoje.
JP – Como está o projeto de coleta de óleo desenvolvido pelo Rotary?
Shiko – Esse projeto é de autoria do Rotary Clube Três Lagoas Cidade das Águas e é muito bem administrado. Porém, com o excesso de clubes para eu liderar, não sei mensurar quantos litros por mês a equipe recolhe. Mas posso afirmar que é um projeto ambiental importante para o município.
JP – No último sábado, foi realizada a campanha nacional de vacinação contra a Poliomielite. O Rotary Internacional é o grande financiador dessa ação?
Shiko – Em 1985, essa campanha foi encampada pelo Rotary Internacional com o objetivo de, em 100 anos, erradicar a circulação do vírus selvagem da pólio da face da terra. Mas, infelizmente, em 2005, ao completar o período estabelecido, o intuito não foi alcançado. Após 109 anos de campanha contra a Poliomielite, ou seja, nove anos depois do centenário, o Rotary luta para pôr fim à doença. As dificuldades estão em três países endêmicos.
JP – Quais são os três países onde a doença ainda não foi erradicada?
Shiko – Paquistão, Afeganistão e Nigéria. Nesses países, o Rotary ainda luta contra a doença. As guerras de etnias e religião são nosso grande entrave. Alguns grupos radicais religiosos não permitem que a vacina chegue até suas crianças. Este é o principal motivo da dificuldade. Mas, não vamos desistir. Para reverter esse quadro, estamos realizando uma campanha de conscientização sobre os benefícios da imunização contra a Poliomielite. A campanha Pólio Plus é marca registrada do Rotary. Estamos chegando lá. Falta pouco.
JP – Há motivos para comemorar?
Shiko – Sim, para nossa alegria, a Poliomielite nos países mais populosos (Índia e China) já foi erradicada. Isso é um grande sinal, pois mostra que a campanha tem sua eficácia. Agora não podemos deixar que esses três países em conflito continuem com essa mentalidade de barrar a imunização. O vírus é mutante, assim, nossa preocupação é que um visitante desses países possa trazer a doença para uma área que já foi imunizada. Se esse vírus voltar adaptado, aí teremos o caos total. Por isso, a importância de vacinar as crianças desses três países.
JP – No início deste mês, Três Lagoas foi palco da 36ª Conferência Distrital. Qual a importância desse evento para a comunidade rotariana?
Shiko – O tema do encontro foi sustentabilidade, um assunto bastante moderno, atual e pertinente à nossa região. Tanto Três Lagoas quanto as cidades vizinhas estão se transformando e mudando de perfil. Cassilândia, por exemplo, vai se tornar a capital da borracha, e Três Lagoas já é a capital mundial da celulose. Hoje, as cidades provincianas estão dando lugar ao progresso. Estão deixando de investir somente na pecuária para aplicar recursos na agroindústria. Na região, temos usinas de açúcar e álcool. O plantio de cana e eucalipto vai crescer cada vez mais. Consequentemente, a população aumentará e, com isso, as pessoas não vão se conhecer mais, a exemplo de Três Lagoas, que nos últimos anos cresceu muito. Acredito que até o sotaque dessas cidades vai mudar.
JP – Qual a importância dessa conferência para Três Lagoas?
Shiko– Este evento foi importante para Três Lagoas como cidade anfitriã pela injeção na economia do comércio local. Cerca de R$ 500 mil foram injetados no município, com destaque para postos de combustíveis, hotéis e restaurantes. Outro detalhe é a hospitalidade do três-lagoense, que é fantástica. A diretoria da Fibria autorizou a entrada de dois ônibus para conhecer a empresa. A prefeita Márcia Moura também esteve no evento e foi muito simpática com os visitantes. A maioria dos participantes saiu daqui encantada com a simpatia do pessoal.
JP – Com base nessas palestras ministradas na conferência, é possível equilibrar progresso e sustentabilidade?
Shiko – Pelo que foi comentado nas palestras, as indústrias fazem a transformação do ambiente, porém não é o processo de industrialização que destrói o meio ambiente e sim o próprio ser humano. Ainda falta conscientização da humanidade para preservar o meio em que vive. Temos que pensar que as indústrias que se instalaram aqui trouxeram riqueza e as pessoas precisam trabalhar para se sustentar. Os tempos estão mudando e o progresso tem que chegar. Acredito que as empresas que se instalaram aqui são conscientes no quesito sustentabilidade. Porém, é lógico que qualquer interferência feita no meio ambiente traz impactos. Não podemos dizer que o impacto é zero. Existem mudanças, principalmente nos costumes culturais. Temos é que voltar os olhos para o desmatamento da Amazônia legal, pois esse é um assunto sério. As indústrias nos trazem riqueza e benefícios no aspecto coletivo. Em minha opinião, as empresas estão cumprindo a parte delas, já a população ainda deixa a desejar, por exemplo, quanto ao consumo excessivo de água.
JP – Para finalizar, o que uma cidade que não tem o Rotary perde em relação aos municípios que têm o clube?
Shiko – O Rotary é prestador de serviços humanitários e culturais. O clube tem a modalidade de bolsas de intercâmbio, ou seja, brasileiros vão para o exterior e vice-versa. É uma troca de experiência entre nações e um aprendizado enriquecedor. Além de projetos sociais, há campanhas em conjunto com escolas e Polícia Militar, entre outras. Portanto, a cidade que não tem Rotary perde todas essas oportunidades.