Cerca de 1.500 trabalhadores que prestavam serviço para o Consórcio UFN 3, na construção da fábrica de fertilizantes da Petrobras, em Três Lagoas, foram demitidos ontem. A informação é do secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil Pesada (Sintiespav), José Clenildo.
Muitos trabalhadores alegaram que foram surpreendidos com a decisão do consórcio que, sequer esclareceu o motivo das demissões. De acordo com o secretário geral do Sintiespav, constantemente o Consórcio demite e contrata pessoas, porém não em grande quantidade como ocorreu ontem. “Vários trabalhadores já entraram em contato com o sindicato, amanhã cedo [hoje] nós vamos verificar o que está acontecendo e o porquê dessas demissões em massa”, adiantou.
Um eletricista de 23 anosque preferiu não se identificar, e que mora no Rio de Janeiro, disse que estava em Três Lagoas trabalhando nessa obra há nove meses, e que foi mandado embora sem saber o motivo. A informação repassada aos trabalhadores é de que, até a semana passada, a empresa vai fazer o acerto.
Segundo José Cleonido, o sindicato tentou apurar o motivo dessas demissões, mas a Petrobras, bem como o Consórcio, são resistentes e não passam as informações necessárias. Todavia, disse que o sindicato vai apurar essa situação.Nos últimos meses, vários trabalhadores entraram em contado com a reportagem do Jornal do Povo e da rádio Cultura FM para reclamar que foram demitidos e que, até essa semana, ainda não tinham recebido o salário e os direitos trabalhistas.
“Se foram demissões programadas devido ao estágio da obra, tudo bem, mas se não, temos que saber o porquê dessa demissão em massa e se a empresa vai pagar os direitos dos trabalhadores”, salientou.Segundo uma fonte do JP, que esteve esses dias no canteiro do Consórcio UFN 3, a obra de construção da fábrica está muito atrasada e caminhando em “passos de tartaruga”.
Segundo informações obtidas pelo Jornal do Povo, cerca de cinco mil pessoas estavam trabalhando na construção da fábrica de fertilizantes. Agora, com essa demissão em massa, a tendência é de que a obra demore ainda mais para ser concluída. A princípio, a fábrica era para ter sido inaugurada em 30 de setembro deste ano. Depois adiaram para o final de 2014 e, por último para o ano que vem.
Ainda segundo apurado pelo JP, o atraso no cronograma dessa obra, deve-se ao fato do valor em que o Consórcio “pegou” para executar. O valor não seria suficiente para tocar uma obra deste porte, conforme uma fonte ouvida pelo Jornal do Povo. Por esse motivo, o Consórcio estaria solicitando um aditivo no valor inicial do contrato para conseguir concluí-la. Foi cogitada, inclusive, a possibilidade da Petrobras reincidir o contrato com esse Consórcio e de passar a obra para a empreiteira Camargo Correia concluí-la, mas chegou-se a conclusão de que não seria viável.