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Recuo

Consumo de carne per capita caiu 29% este ano

Volume que era de 35 quilos em média por ano caiu para 25 quilos/ano

Consumo de carne caiu diante a alta nos preços - Arquivo
Consumo de carne caiu diante a alta nos preços - Arquivo

O brasileiro deixou de consumir 8,6 quilos de carne per capita neste ano, em relação ao anterior, considerando o consumo de carnes bovina, suína e de frango.

Além disso, houve uma substituição de proteínas mais caras para produtos mais em conta. Essa queda no consumo é resultado de um ano difícil tanto para a indústria de proteína como para os consumidores.

Do lado da indústria, os custos de produção foram bem mais altos neste ano. Quebra na safra de milho, exportações elevadas de grãos, principalmente de soja, energia mais cara e pressão do dólar nos insumos importados –o resultado foi uma elevação dos preços das proteínas.

Do lado do consumidor, o desemprego, a alta dos alimentos, a volta da inflação em geral e a falta de renda retiraram o poder de compra e afastaram muitos das proteínas.

Conforme dados desta quinta-feira (16) da Scot Consultoria, o consumo de carne bovina, perto de 35 quilos per capita nos anos anteriores, caiu para 25 kg neste, uma redução de 29%.

Já o consumo de carnes de aves e de suínos estão em alta, segundo Ricardo Santin, da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

O consumo médio per capita de carne de frango subiu para 46 quilos neste ano, com evolução de 2%. Já o de carne suína foi a 16,8 quilos, com alta de 5% no ano.

Boa parte da queda do consumo de carne bovina se deve ao preço. A oferta de gado foi menor, os abates caíram e as exportações, apesar da interrupção da China, se mantiveram aquecidas. O resultado foi uma elevação dos preços no varejo.

Considerando os dados da ABPA e da Scot Consultoria para essas três carnes, o consumo médio por brasileiro para este ano está estimado em 87,8 quilos, 8,9% abaixo dos 96,4 kg do ano anterior.

Alcides Torres, da Scot, destaca que, mesmo no período em que a China esteve fora do mercado brasileiro, o varejo não registrou queda da carne bovina.

Quando em vigor, o auxílio emergencial ajudava a absorver parte do impacto do aumento. Com a supressão do auxílio, o consumo cai.

Os frigoríficos estão em uma sinuca de bico, diz Torres. Já o varejo, que não conseguiu repassar preços na alta do boi, manteve os valores da proteína elevados no período de queda no preço da arroba, a fim de recompor margens.

Os repasses nos preços nas carnes vão continuar em 2022, segundo Santin. Haverá um aumento contínuo e diluído ao longo do ano, devido à mudança de patamar dos custos de produção. Estes não deverão ter fortes reajustes, mas ficarão estáveis na alta.

 O executivo da ABPA avalia que o poder de renda da população não permite grandes aumentos, mas que o boi deverá ter reajustes para cima com o retorno da China. Com isso, as demais proteínas vão continuar ganhando espaço na preferência do consumidor.

Ele diz que alguns fatores devem permitir uma melhora no consumo de carnes no ano que vem. Esses alívios virão do aumento do salário mínimo, do Auxílio Brasil do governo e de uma retomada da economia.

Com base nos dados de Torres e de Santin, dá para prever que, sem uma recomposição da renda do consumidor — o que não deverá ocorrer em curto prazo—, o consumo médio de proteínas deverá continuar achatado e com migração de produtos mais caros para os de menores preços.