De acordo com as expectativas nacionais, o índice de adoções tardias – de crianças com mais de cinco anos – bateu recorde neste ano. Conforme Elisangela Facirolli do Nascimento, assistente social do Fórum de Três Lagoas e coordenadora do Projeto Padrinho, de janeiro até hoje, estima-se que pelo menos oito adoções de crianças mais velhasforam feitas no município. O resultado corresponde a quase a metade das ações deste ano, 18 ao todo, e mais que o dobro do registrado de adoções tardias de 2012, quando, apenas três foram registradas nesse perfil.
“Trata-se de um índice a ser comemorado, sem sombra de dúvidas. No ano passado, não chegamos nem perto desse número. O aumento foi realmente muito grande e, em muitos casos, está relacionado diretamente ao Projeto Padrinho”, destacou.
Implantado em setembro de 2009, o projeto visa aproximar a sociedade das crianças e adolescentes que fogem ao perfil prioritário das adoções: recém-nascidos, brancos e meninas. “Percebemos que depois dos três, quatro anos de idade, a adoção vai ficando cada vez mais difícil. Ainda existe aquela preferência por crianças recém-nascidas. Isso ainda é um tabu a ser quebrado e o projeto padrinho tem mostrado que é possível adotar uma criança fora desse perfil”.
Conforme a coordenadora, muitas dessas adoções começaram através do apadrinhamento. No entanto, ela ressaltou que o projeto não é um facilitador de adoções. “O objetivo do Padrinho é criar um vínculo entre a criança e um adulto. Aqueles casos que resultaram em adoção foram de crianças que não tinham familiares ou outros interessados. É importante deixar claro que não é porque entrou no projeto que o processo de adoção será mais ágil. Nós seguimos, em todos os casos, as mesmas leis”, esclareceu.
Mesmo assim, a assistente social aponta o projeto como um tipo de “teste drive” para a adoção. “Toda a família que esteja disposta a adotar deveria passar pelo Projeto Padrinho antes, para, ao ter contato com a criança, ter certeza se é aquilo que realmente quer. Por exemplo, nós já tivemos efeito contrário, em que a família achava que queria um filho e chegaram à conclusão que não nasceram para ser pai ou mãe. Acontece. Não basta querer ter um filho, tem que estar disposto a abrir mão de uma série de coisas”, disse.
GERAL
No geral, o número de adoções segue a mesma média de 2012, quando aproximadamente 20 crianças receberam novos lares. Segundo Elisangela, a média reduziu em comparaçãoaos anos anteriores em decorrência também de outra queda: a de crianças em situação de abrigo. Enquanto que, no passado, a Fundação Abrigo Poço de Jacó chegou a abrigar mais de 70 crianças, hoje, a média tem sido de 25 abrigados – a maioria, retirada da família por conta do envolvimento dos pais com as drogas.
Ainda neste ano, foram realizadas três adoções internacionais e outras três estão em processo de conclusão. Os países para o qual as crianças foram destinadas não foram divulgados por questões de privacidade. No entanto, Elisangela esclarece que a adoção internacional é a última opção e, em muitos casos, a única para muitas crianças com mais de cinco anos. O período de ações em outros países é de três anos.
No Brasil, o prazo, segundo Elisangela, tem sido de menos de um ano de preparação. Nesse período, a família passará por avaliação psicológica, curso preparatório e terá de participar, durante seis meses, dos encontros do Grupo de Apoio à Adoção Ato de Amor (Graata). “Precisamos desse tempo para garantir que a adoção seja bem-sucedida. Não há nada pior que a devolução de uma criança. Ela sofre demais”, destacou.
Nessa semana, será realizado em Três Lagoas o II Seminário sobre Adoção. O evento acontecerá no auditório da Aems, entre os dias 21 e 23 de agosto, e estrá aberto a toda a população. “Vamos receber simpatizantes da adoção com conhecimento prático e teórico no assunto. O objetivo é sanar dúvidas sobre o assunto e acabar com os mitos e preconceitos ainda existentes sobre adoção”, destacou. A abertura oficial do evento está prevista para às 19h de quarta-feira.
Projeto Padrinho precisa de voluntários
Em funcionamento há pouco mais de três anos, o Projeto Padrinho precisa de mais voluntários. De acordo com a coordenadora do programa, Elisangela Facirolli do Nascimento, atualmente, estão cadastrados na Vara da Infância e Juventude cerca de oito padrinhos. O número caiu em Três Lagoas, que já chegou a ter em torno de 20 padrinhos.
A coordenadora explicou que, na maioria dos casos, os cadastrados são padrinhos afetivos, modalidade em que o voluntário se propõe a levar a criança para casa aos fins de semana. No entanto, são quatro modalidades disponíveis: Afetivo, em que a criança pode ser levada para casa ou em eventos; Amigo, quando o voluntário vai até ao abrigo para visitar a criança sempre que puder; Financeiro, quando o padrinho ajuda no custeio dessa criança; e também Voluntário, destinado a médicos, dentistas, professores e outros profissionais que possam atender às crianças gratuitamente. “Hoje, temos dentistas e médicos que atendem as crianças. Mas precisamos de mais, por exemplo, professores para dar aulas de reforço, pois essas crianças precisam, além de contadores de história. O leque de possibilidades de ajuda é muito grande”.
Para se tornar um padrinho, o interessado deve procurar a coordenação do projeto, que atende no edifício do Fórum de Três Lagoas.