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Frieza

'Quatro mulheres conseguiram escapar durante duplo feminicídio', diz delegada após depoimentos

Falha no revólver calibre 38 impediu que José Barbosa realizasse uma chacina, em Três Lagoas.

Delegada da DAM comenta sobre duplo feminicídio. - Reprodução/TVC
Delegada da DAM comenta sobre duplo feminicídio. - Reprodução/TVC

A delegada Nelly Macedo, da Delegacia de Atendimento à Mulher (DAM) de Três Lagoas, esclareceu detalhes sobre o duplo feminicídio que ocorreu no residencial Ema, Conjunto Habitacional Novo Oeste, no último domingo (6). Em entrevista exclusiva para a equipe de reportagem, nesta terça-feira (8), no Dia Internacional da Mulher, a delegada contou que ouviu depoimentos de pessoas que testemunham o crime, que chocou a cidade.

Prestaram depoimento, na tarde de segunda-feira (7), duas testemunhas que escaparam da morte após a arma de fogo de José Barbosa dos Santos (44) falhar enquanto tentava efetuar disparos. José Barbosa matou a ex-mulher Crislaine Célia Martins, de 34 anos, e a sobrinha dela Mariana Cristina Martins Fonseca, de 22 anos. Duas amigas das vítimas estavam no local e conseguiram fugir sem ferimentos. O suspeito está preso.

A delegada disse que José Barbosa dos Santos já vinha ameaçando a ex-mulher e não descarta a hipótese do crime ter sido premeditado, ao esperar o momento em que as vítimas estavam reunidas no mesmo local para executá-las. Após o trabalho em campo e depoimentos coletados de testemunhas, Nelly Macedo relatou que antes dos disparos, haviam seis mulheres reunidas conversando, incluindo as vítimas. José teria aparecido de surpresa e passado a discutir com a ex-mulher e as amigas dela, fazendo várias acusações infundadas e ameaças contra o grupo.

Depois de discutir e acusar as mulheres de estarem interferindo no relacionamento dele com Crislaine, José sacou o revólver calibre 38, disparou duas vezes contra Mariana Cristina (sobrinha) acertando os disparos nas costas e na cabeça. Depois, o homem teria tentado atirar em mais duas amigas das vítimas, mas as munições falharam e as duas mulheres conseguiram se esconder.

A delegada da DAM pontuou a frieza e a crueldade de José que, após dar o primeiro tiro no abdômen de Crislaine Célia, sua ex-mulher, a perseguiu até o apartamento da vítima que fica a 20 metros de distância. Ela, mesmo ferida, tentou escapar. Porém, no interior da casa, sem qualquer tipo compaixão ou sentimento, José, na frente das quatro filhas da vítima, inclusive a mais nova que seria do casal com quatro anos, puxou o gatilho mais uma vez e executou a vítima com um tiro na cabeça.

Testemunhas relataram no dia que, após matar a ex-companheira, José teria chutado a cabeça da vítima enquanto proferia xingamentos, antes de ser preso pela Força Tática da Polícia Militar.

Ele já responde por um homicídio ocorrido no interior paulista, quando matou um colega de trabalho. E ,agora, irá responder pelo duplo feminicídio, dupla tentativa de feminicídio e por porte ilegal de arma de fogo. Por haver evidências de que mais pessoas teriam sido ameaçadas pelo homicida, a delegada acredita que caso haja interesse das demais vítimas em representar formalmente, mais agravantes poderão ser acrescidos no inquérito que a Polícia Civil está instaurando contra o autor, para ser apresentado ao Ministério Público Estadual.