Qual o real impacto que as políticas atreladas ao ESG (Ecoambiental, Social e Governança) trazem para os resultados financeiros das empresas e como os critérios atrelados a esses pilares serão capazes de impulsionar os ganhos no futuro?
Atualmente, a questão que abre este artigo é repetida, tal qual mantra, por grande parte dos executivos em cargos de liderança nas empresas de inúmeros setores. Reflexo dessa preocupação é o fato revelado em estudo recente da PWC (setembro/21), que das 81 companhias com papéis listados na BOVESPA no início do segundo semestre do ano corrente, nada menos que 67 delas apresentaram algum tipo de relatório tratando da temática do ESG.
A demanda não é necessariamente nova, mas o avanço registrado é uma clara resposta de como as corporações entenderam a importância delas no debate por pautas que cooperem para a transformação de nossa sociedade. Não se trata mais apenas de mitigação, mas sim de combater o recrudescimento de índices que impactam diretamente o futuro, como a destruição do meio ambiente, o aquecimento global, as emissões de gases tóxicos, o desemprego e a precarização da qualidade de vida; a miséria, o acesso aos direitos humanos, a equidade, diversidade e o enfrentamento à falta de perspectivas de vida digna para grande parte do planeta.
É preciso avançar se desejamos atingir níveis de excelência no combate dos desafios impostos ao futuro do ser humano. E isso passa, necessariamente, pela transformação do segmento que regula, analisa e propõe metas e índices ao mercado corporativo. Daí a importância de se defender um debate amplo sobre a atuação dos profissionais e agentes do mercado responsáveis pelos processos de auditoria interna.
O mesmo estudo da PWC, dá conta de que 43% dos documentos apresentados pelas companhias não passaram por nenhum tipo de verificação e 31% não adotam metas claras relacionadas a esses assuntos, o que acaba por trazer questionamentos sobre a qualidade e a confiabilidade dos dados e estratégias estabelecidas.
Outros dois fatores impactam diretamente a credibilidade desses documentos: a visão ainda ineficiente do papel do auditor interno na análise ampla desses resultados e o impacto deles nos negócios das empresas; e a definição clara de métricas e índices de mercado, que trarão unidade ao debate e permitirão que as companhias tenham dados consolidados críveis para fornecer aos diferentes públicos externos de interesse.
Como afirmou Claudinei Elias, CEO da Bravo GRC, “auditoria é lifelong learning na veia. A interação tanto com a primeira quanto com a segunda linha de defesa pode beneficiar e trazer grandes insumos ao trabalho do auditor.” Na prática, conhecer profundamente o negócio da empresa, empregar soluções tecnológicas capazes de capturar e tratar dados e estabelecer parâmetros de análise tornarão a entrega final muito mais rica.
Sobre os desafios que envolvem as definições do regramento e da consolidação de um framework universal, é de se elogiar os movimentos de entidades como o Bacen, a B3 e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que colocam o Brasil na vanguarda do debate em torno do direcionamento e da clareza. A própria Bravo GRC atua de forma relevante nesse debate, tanto que recentemente publicou o segundo volume do Guia Rápido ESG: Regulamentações, desenvolvido pela área de insights e inteligência – a Bravo Research – que trata do tema em questão.
É por tudo isso que fica a certeza de que o papel da auditoria interna no futuro das empresas é essencial não só para contribuir na eficiência das estratégias e dos negócios, mas também o de ser o agente que responderá, de maneira contundente e assertiva, sobre como o ESG será capaz de impulsionar os ganhos futuros das corporações e o bem-estar da Sociedade. Como acreditamos na Bravo GRC, o ESG deveria ser GSE, pois tudo começa pela Governança que, por sua vez, não tolerará ações no Social e no Ecoambiental que sejam de fachada e que poderiam levar a empresa a assumir enormes riscos.
*Hugo Bethlem, CPO da Bravo GRC e Suelen Silva, Head de Research da Bravo GRC.