O desemprego no país, atrelado ao início de obras de expansão das fábricas de celulose, tem gerado grande migração de trabalhadores em busca de vagas em Três Lagoas. Diariamente, centenas de desempregados formam filas em frente à Casa do Trabalhador, o antigo Ciat. Alguns têm até dormido na porta da agência de empregos na tentativa de conseguir trabalho, atraídos por anúncios falsos de vagas.
A diretora do órgão, Fátima Montanha, diz que o esforço é vão porque as vagas são preenchidas de acordo com requisitos definidos pelas empresas. “A Casa do Trabalhador faz apenas a intermediação, dá suporte e disponibiliza as vagas. A responsabilidade pelas contratações é das empresas”, disse.
Mesmo na incerteza, muitos trabalhadores arriscam a sorte e vêm à cidade por conta própria. Parte deles, enganados por anúncios irreais, como o de um comunicado que circula por meio de um aplicativo e por redes sociais de que empresas da cidade estariam contratando.
A diretora do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintricom), Rita de Cássia Valéria, disse que diariamente pessoas procuram informações sobre essas contratações e que tem recebido muitas ligações de trabalhadores de outros Estados perguntando sobre as vagas. “Muitas pessoas têm feito postagens no Facebook e enviado áudios pelo WhatsApp sobre essas contratações, mas não é verdade. Tem contratações, mas não como as pessoas estão pensando”, explicou.
Outra situação que vem ocorrendo, segundo Fátima, é que terceiros fretam ônibus e cobram passagem de trabalhadores, com destino à cidade, com anúncios de ofertas de trabalho. No entanto, de acordo com ela, o número de vagas disponíveis é menor que a procura. “São doze milhões de desempregados no Brasil. Daí, com a expansão das fábricas e com pessoas agindo de má fé, acarreta essa situação”, destacou.
TRABALHADORES
O carpinteiro Luiz Carlos Silva Fróis viajou do Maranhão para Três Lagoas há seis meses, mas ainda não conseguiu emprego. Ele disse que estava desempregado em sua cidade e que veio a Três Lagoas na esperança de conseguir trabalho. “A gente passa a noite no Ciat, mas, nada. Sempre falam que não tem mais vaga”, contou. Luiz mora em casa alugada com outros trabalhadores na mesma situação.
Joaquim Ferreira trabalha como armador. Também veio do Maranhão. “Todos os dias venho aqui no Ciat, mas ainda não consegui um emprego. Na verdade, a gente veio com um agenciador, que disse que aqui já tinha emprego garantido, chegando aqui, não era nada disso”, contou.
O encarregado de Recursos Humanos, Paulo Henrique Vieira, veio com a família para a cidade há oito meses. Disse que diariamente também vai à Casa do Trabalhador em busca de vaga.
Situação diferente é do pedreiro Alcir Barbosa Silva que é de Três Lagoas. Ele está desempregado há dois meses e disse que também vai diariamente ao órgão.
Muitos trabalhadores que chegam na cidade não têm onde ficar. Por isso, procuram o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua, conhecido por Centro POP, mantido pela Secretaria Municipal de Assistência Social. Só de janeiro a maio deste ano, o Centro 341 pessoas. Em 2015, foram 1.362 atendimentos.