Todos nós sofremos frustrações, perdas e derrotas que nos causam dor. Não há vacina contra o sofrimento. Cada um reage e enfrenta a dor de uma maneira. Infelizmente, o suicídio tem sido a solução para muitas pessoas. Elas querem matar a dor que sentem, e buscam na morte o alívio para fugir daquilo que as atormentam.
É difícil, é delicado, tem todo um tabu social, mas temos de falar sobre suicídio. Estamos no ‘Setembro Amarelo’, o mês da conscientização sobre o tema em todo o mundo. Dia 10 é o Dia Internacional de Prevenção do Suicídio. Precisamos de muita conscientização e mobilização, porque os números são chocantes!
A cada 40 segundos uma vida é perdida no mundo, segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Por ano, são 800 mil suicídios de pai, mãe, filho, marido, esposa, amigo, colega de trabalho, vizinho…
O comportamento suicida é universal, não conhece fronteiras, e somos todos vítimas dessas perdas irreparáveis. O impacto do ato de tirar a própria vida faz com que 135 pessoas do círculo próximo do suicida sofram luto intenso. São 108 milhões de pessoas afetadas diretamente pelo ato intencional cometido por impulso ou planejado.
No Brasil, os suicídios subiram de 7 mil para 14 mil nos últimos 20 anos, segundo o DataSus. Esses números já estavam em crescimento, mas a pandemia do Covid-19 piorou a estatística, com o aumento da depressão e da ansiedade. O nosso País é apontado pela OMS como o mais ansioso do mundo, são mais de 19 milhões de pessoas com o transtorno. Pesquisa da USP-SP mostra que 63% dos brasileiros sofrem de ansiedade e 57%, de depressão. Preocupante!
Devido ao medo, preconceito e até desconhecimento sobre o assunto, o suicídio ainda é um mal silencioso, em que a pessoa não deixa transparecer comportamentos com tendência suicida. A própria OMS diz que 90% dos casos seriam evitados com diálogo, remédio que pode ser facilmente administrado por nós. Portanto, meus amigos, vamos fazer do diálogo o primeiro e mais importante passo para mudar esse triste quadro.
Basta estarmos atentos ao grito de socorro que nem sempre se manifesta de forma direta. Quantas vidas salvaríamos escutando, apoiando aconselhando ajuda especializada, sem julgamento moral e sem críticas? O diálogo pode ajudar a pessoa transtornada a resgatar o desejo de viver. Pensem nisso!
Renata Abreu
é deputada federal por São Paulo e presidente nacional do Podemos