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É possível ter qualidade de vida?

Leia o artigo de Paulo Zahr, que é  formado em Odontologia pela Unoeste

Leia o artigo de Paulo Zahr, que é  formado em Odontologia pela Unoeste - Arquivo Pessoal
Leia o artigo de Paulo Zahr, que é  formado em Odontologia pela Unoeste - Arquivo Pessoal

O hábito parafuncional de apertar, morder com força ou ranger os dentes, tanto durante a noite quanto de dia, é conhecido por bruxismo, uma doença sem cura. Embora o prognóstico não soe positivo, conviver com a doença é simples desde que o tratamento seja realizado por um bom profissional e seguido à risca. A prática de  movimentos involuntários e inconscientes, como o que acontece, acomete adultos e crianças e pode estar ligado ao estresse e à ansiedade, atingindo aproximadamente 30% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e chegando a 40% no Brasil. 

Com incidência maior em mulheres, devido ao ápice hormonal, esta condição de ranger os dentes tem causas específicas desconhecidas e, além da associação com o stress, pode ter ligação com condições neurológicas, efeitos secundários de alguns medicamentos ou distúrbios na respiração como a apneia do sono. Entre os fatores predisponentes ao bruxismo estão: histórico familiar, personalidade, cefaleia, disfunção na ATM (uma articulação temporomandibular, que liga o osso do maxilar ao do crânio e que permite a mastigação), além da depressão e ansiedade. Há também fatores que podem potencializar, como o uso de alguns fármacos, cafeína, tabagismo e o roer as unhas. 

O distúrbio é consequência de algo que não está funcionando bem e os principais sintomas são: desgaste excessivo dos dentes, fratura dental, mobilidade dental, dores na ATM, pescoço, músculos da face e dores de cabeça. Para efetuar o tratamento, é primordial diagnosticar quais os fatores responsáveis por essa condição e, para isso, alguns procedimentos são necessários, como avaliação clínica detalhada com um odontólogo que fará uma entrevista, levando em conta o histórico do paciente, relato de terceiros sobre barulhos característicos durante o sono, mais o  auxílio de exames complementares. 

O tratamento, a partir do diagnóstico principalmente do noturno, envolve o uso de placas miorrelaxantes, que é um dispositivo interoclusal feito de acrílico e instalado entre os arcos dentais, tendo por objetivo bloquear o contato entre os dentes e, assim, promover uma desprogramação do reflexo neuro muscular que dá origem aos impulsos nervosos, consequentemente amenizando o apertamento e ranger dos dentes. Soma-se ainda o uso de fármacos, analgésicos e relaxantes musculares, bem como a toxina botulínica – um botox aplicado nos músculos mandibulares que participam do apertamento-, acupuntura e fisioterapia. 

A dica para identificar o quanto antes o problema é se atentar às dores: tê-las com frequência não é normal e é preciso procurar ajuda médica se o incômodo persistir por dias. Como a dor de cabeça, por exemplo, pode estar atrelada a várias causas, o bruxismo passa despercebido durante muito tempo entre as pessoas, levando a consequências ainda maiores, como o desgaste dentário, perdas ósseas e dores cada vez mais severas. Conviver com o distúrbio, embora a princípio possa parecer desanimador, é completamente possível e os tratamentos que existem hoje em dia disponíveis dão conta de devolver a qualidade de vida, afastando as dores e o constante incômodo do ranger dos dentes. 

*Paulo Zahr é  formado em Odontologia pela Unoeste.