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Três Lagoas

Eldorado Brasil alcança recorde de produção de celulose

Eldorado Brasil, maior fábrica de celulose do mundo, instalada em Três Lagoas, obteve um excelente resultado

Presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich -
Presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich -

Com menos de 11 meses de operação, a Eldorado Brasil, maior fábrica de celulose do mundo, instalada em Três Lagoas, obteve um excelente resultado ao produzir 1 milhão de toneladas de celulose branqueada de eucalipto em 317 dias, segundo a análise de especialistas do setor. A empresa já solicitou ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul)  licença para ampliar a sua planta fabril visando a implantação de uma segunda linha de produção. 

Na manhã de ontem, o presidente da Eldorado Brasil, José Carlos Grubisich, se reuniu com a prefeita Márcia Moura e representantes do Imasul para falar da expansão da fábrica e agendar a data da audiência pública que discutirá com a comunidade o novo projeto bilionário da empresa. Logo após a reunião, Grubisich, concedeu uma entrevista ao Jornal do Povo.
 
Jornal do Povo– Qual foi o objetivo dessa reunião? 
 
José Carlos Grubisich -Objetivo foi de compartilhar com a prefeita e com a equipe da administração municipal o projeto de duplicação da capacidade da Eldorado, que prevê investimento da ordem de R$ 7,5 bilhões. Nós devemos começar o investimento no final de 2014, início de 2015, com a previsão de entrar em operação com essa nova fábrica no início de 2017. É um projeto extremamente avançado e, será de novo a segunda maior linha de produção de celulose do mundo. Estamos prevendo uma linha de produção de dois milhões de toneladas por ano, com capacidade de aumentar para dois milhões e trezentas mil toneladas ano. Um investimento importante, que também tem um eixo de estruturação do ponto de vista econômico-social para toda a região de Três Lagoas e Selvíria, onde vamos ter também a plantação de florestas em um projeto extremamente sustentável e integrado, que vai trazer muitos benefícios para toda a região.
 
JP– A Eldorado já solicitou ao Imasul a Licença de Instalação e já tem até data marcada para a audiência pública?
 
Grubisich – Já existe uma data pré-definida para a realização da audiência pública, que é dia 13 de novembro.
 
Será a oportunidade da Eldorado, e de todas as equipes, e empresas de engenharia, que participaram até esse momento da concepção desse projeto, de fazer uma prestação de contas para a comunidade da região, apresentando o projeto e todos os estudos de impacto ambiental, da qualidade do ar e da água. A população vai perceber que é um projeto que não tem nenhum impacto de natureza socioambiental, é um projeto avançado do ponto de vista da tecnologia, da sua gestão ambiental e que vai trazer um número de contribuições muito importante na área de crescimento da renda e dos impostos para os municípios e aumento no volume de exportações. Acho que é um momento importante para que possamos mostrar para a comunidade essa abordagem moderna, com alta tecnologia, e com uma preocupação muito grande com toda questão de sustentabilidade, do desenvolvimento sustentável da comunidade.
 
JP-O relatório de impacto ambiental, prevê que existe estudo em relação a instalação do empreendimento, bem como de sua expansão. Quais são as preocupações para a implantação do novo projeto?
 
Grubisich – Exatamente, são sete relatórios com mais de duas mil e duzentas páginas. É um estudo muito profundo, que entra no detalhe da questão da qualidade do ar de toda a região, assim como da qualidade da água subterrânea e superficial, impacto na fauna, na flora e todas as conclusões são extremamente positivas e todas elas recomendam a aprovação. É importante que a comunidade participe de mais esse passo na direção do desenvolvimento e crescimento.
 
JP– O porquê da necessidade de expandir a fábrica agora, esse é o momento?
 
Grubisich -Algumas questões são importantes nessa decisão, primeiro, que nós implantamos a primeira fase da Eldorado com muito sucesso, o projeto foi executado no tempo, abaixo do custo que havíamos previsto inicialmente.
 
O projeto entrou em operação de uma maneira extremamente positiva e com qualidade do produto, hoje já estamos operando a fábrica dentro da capacidade nominal do projeto. São notícias muito favoráveis e, o que nós percebemos é que o mercado mundial de celulose continua crescendo. O mundo vai precisar de um milhão e meio de novas capacidades de produção e o Brasil é o país mais competitivo para a produção de celulose de eucalipto. Nós achamos que tem espaço para que a Eldorado faça um novo projeto para estar operando a partir de 2017, para que a gente possa a partir de Três Lagoas, que é a capital mundial da celulose, ocupar mais e mais esse espaço no mercado internacional. O mercado chinês continua crescendo, assim como todos os mercados emergentes, através do uso do papel para fins sanitários, como papel higiênico e toalhas de papel. Então, tem um crescimento garantido no mundo e acho que o Brasil, Três Lagoas têm que  aproveitar desse crescimento. Esse projeto vai ser implementado aqui no município de Três Lagoas.
 
JP– Qual tem sido o destino da produção da Eldorado Brasil?
 
Grubisich– Nós estamos praticamente produzindo no limite da nossa capacidade produtiva, então, nós estamos fazendo e vendendo cerca de 130 mil toneladas de celulose por mês. Hoje, basicamente 40% da produção vai para a Ásia, onde os dois principais mercados são China e Coréia do Sul. Acho que não é novidade, porque são os dois grandes mercados. Vendemos cerca de 40% na Europa, onde o grande mercado é Itália, que tem uma posição muito forte na questão de papel para fins higiênicos e sanitários, mas vendemos também na Alemanha e Itália , bem como na França e Espanha e para todos os países da Escandinávia, Suécia e Finlândia. Vendemos 20% da produção nas Américas, incluindo  as vendas no mercado doméstico brasileiro. Portanto, uma distribuição muito adequada das nossas vendas. Estamos com preços muito bem remuneradores para a celulose e com essa recente desvalorização do Real faz com que a indústria de celulose brasileira seja a mais competitiva do mundo, por isso temos apetite e vontade de crescimento.
 
JP-Qual o tamanho da área a ser expandida com a duplicação da Eldorado?
 
Grubisich – Nós fizemos um programa de plantio grande em 2012, e estamos repetindo em 2013. Nós plantamos 35 mil hectares no ano passado e vamos plantar 50 mil hectares esse ano. Vamos terminar o ano de 2013, com cerca de 160 mil hectares de florestas plantadas próprias da Eldorado, em térreas arrendadas de fazendeiros da região. Então, o nosso plano é duplicar essa área plantada de florestas até 2018 na região de Três Lagoas, Selvíria, Água Clara e Inocência.
 
Toda região no entorno de Três Lagoas vai ter um benefício importante nesse programa de expansão das florestas da Eldorado, que são florestas renováveis e sustentáveis, com alto nível de convivência com as matas nativas, com as áreas de preservação permanente, mata ciliares, porque a Eldorado tem esse compromisso de ser uma empresa competitiva, mas,  sobretudo, uma empresa sustentável e que tem uma conivência pacífica e harmoniosa com as comunidades.
 
JP-Hoje está fácil ou difícil encontrar áreas para serem arrendadas para o plantio do eucalipto?
 
Grubisich -A história recente do eucalipto na região mostrou que a plantação de florestas, é uma boa atividade econômica. Todas as pessoas que investiram nessa área estão satisfeitas, já que traz uma rentabilidade melhorada em relação a outras opções que tinham na região, traz a possibilidade de ter caixa entrando dinheiro praticamente todo mês e, dá flexibilidade para o fazendeiro ter uma área plantada de eucalipto, de pecuária, ou qualquer outra destinação que ele queira dar. Quer dizer, dá a ele uma capacidade de decidir e garantir uma renda para reinvestimento ou para melhoria na qualidade de vida da família. O que temos observado é que todos os parceiros tem um nível de satisfação muito grande. Praticamente já temos em permanência cerca de 40 mil hectares de áreas arrendadas à frente do nosso programa de plantio, o que nos dá uma flexibilidade muito grande de planejamento e de qualidade de implantação das novas florestas, e mostra que tem uma oferta, não vou dizer que exagerada, mas que a terra que a Eldorado precisa, está conseguindo, no equilíbrio ganha-ganha, entre Eldorado e os proprietários de terra da região.
 
JP-Na semana passada, o governador  André Puccinelli anunciou que mais uma empresa de celulose vai se instalar na região do Bolsão, o que acha disso?
 
Grubisich – Analisa de maneira positiva. Na medida em que novas empresas anunciam novos projetos, significa que acreditam que tem crescimento no mercado internacional. E, que o Brasil é o país mais competitivo do mundo para esse tipo de indústria, esse anúncio  só reforça a convicção que a Eldorado tem de continuar crescendo e  investindo, porque tem mercado para isso. Evidente que qualquer novo entrante vai ter que trabalhar em um ambiente concorrencial, que não é de vida fácil. A gente tem que levantar cedo e dormir tarde todo dia para continuar sendo competitivo nesse negócio, mas acho que o mercado está aí, disponível para todos. Um mercado que cresce no mundo e que o Brasil tem condições de ter novos projetos. Agora, vai ter que trabalhar, porque a Eldorado está trabalhando bastante.
 
JP-Existe a possibilidade da Eldorado Brasil abrir uma nova unidade em outro lugar?
 
Grubisich –Hoje, nós estamos concentrados, primeiro em aumentar a capacidade de produção dessa primeira fábrica, de um milhão e meio de toneladas por ano, para um milhão e setecentos mil toneladas por ano, e nós já vamos fazer isso a partir de 2014, e depois todo o nosso tempo e nossa energia estará dedicado a viabilizar esse investimento de R$ 7,5 bilhão, um investimento grande em qualquer lugar do mundo e que a gente precisa colocar todo tempo e energia para fazer com que esse negócio se viabilize em condições rentáveis e correta de competitividade.
 
JP– Como a Eldorado pretende fazer para conseguir esses R$ 7,5 bilhões para a expansão da fábrica?
 
Grubisich -O nosso plano para financiamento desse projeto, primeiro é fazer um aumento de capital, da ordem de R$ 2,5 bilhões com os atuais acionistas da Eldorado, que são o grupo J&F, os controladores da JBS, a Funcef, que é o Fundo de Pensão dos Funcionários da Caixa Econômica Federal e com a Petros, que é o Fundo de Pensão dos Funcionários da Petrobras. Estamos trabalhando também com outras fundações que poderiam participar desse aumento de capital. E, no que diz respeito às linhas de financiamento que a Eldorado vai tomar, nós protocolamos um pedido junto ao BNDES, que são financiamentos ao longo prazo para esse tipo de projeto. Conseguimos o enquadramento, a aprovação de uma linha de R$ 1,5 bilhão do Fundo do Desenvolvimento do Centro Oeste (FDCO) para liberar R$ 700 milhões nesse ano e R$ 700 milhões em 2014. Estamos trabalhando também com as agências de créditos de exportação da Finlândia, Suécia e Áustria para o financiamento da ordem de R$ 1 milhão e, com isso, a gente fecha o pacote de capital e de linhas de financiamento, que torna o projeto viável para começarmos a construção no final de 2014, ou começo de 2015.
 
JP– Para quem não acreditava, primeiro no projeto de construção da fábrica, a unidade está aí em pleno funcionamento e, agora a Eldorado já trabalha para ampliar a unidade. Não tem mais o que duvidar, não é?
 
Grubisich – Exatamente, a Eldorado mostrou essa capacidade de realização de execução, se houve dúvidas, conseguiu demostrar que nós viemos para transformar a indústria de celulose no Brasil e no mundo. Queremos ser um dos lideres do setor de celulose de fibra curta a partir de eucalipto no país e no mundo, e que nós estamos colocando o pé no acelerador, temos bala na agulha para fazer mais essa etapa do nosso projeto de crescimento.
 
JP– A Eldorado já investiu mais de R$ 20 milhões em ações sociais na região devido a instalação da fábrica. Nessa segunda etapa, estão previstos novos investimentos?
 
Grubisich – Nós temos um compromisso grande com as comunidades onde atuamos. Como você disse, na primeira etapa nós fizemos investimentos sociais na ordem de R$ 25 milhões, focados na área de saúde e educação, que foram as áreas onde as comunidades nos apontaram como prioritárias. Apesar do número ainda não estar definido, acredito que deveremos investir um montante parecido, na ordem de R$ 30 milhões que  serão direcionados na área que a comunidade entende como prioritária.