Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Empresários bloqueiam rodovia em protesto pela falta de pagamento

Interdição da rodovia durou quatro horas, causando congestionamento

Empresários de Três Lagoas bloqueiam rodovia protestando por falta de pagamento  - Elias Dias/JP
Empresários de Três Lagoas bloqueiam rodovia protestando por falta de pagamento - Elias Dias/JP

Na manhã de ontem, empresários de Três Lagoas, que já meses estão sem receber seus créditos junto ao Consórcio UFN 3, interditaram a BR-262, na divisa entre os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo. A interdição que durou cerca de quatro horas, contou com a presença de aproximadamente 60 empresários, que utilizaram um caminhão para bloquear o trânsito sobre a  Usina Hidrelétrica Engenheiro Souza Dias de Jupiá.

A manifestação teve início por volta das 7h e o trânsito foi liberado somente às 11h. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), durante as quatro horas de interdição a fila de veículos chegou a 10 quilômetros nas duas rodovias, tanto na Marechal Rondon  no Estado de São Paulo, quanto na BR 262 em Mato Grosso do Sul. A decisão de interditar o trânsito nestas duas rodovias, segundo os empresários, foi mais uma tentativa  para chamar a atenção da Petrobras e das empresas que formavam o Consórcio para mostrar o quanto necessitam receber seus créditos. De acordo com a Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas, a dívida do Consórcio com empresários locais soma mais de R$ 20 milhões.

Segundo o presidente da Associação Comercial, Atílio D’ Agosto, o reflexo dessa dívida é muito grande, pois além de prejudicar o comércio local, tem provocado demissões de funcionários dessas empresas, os quais estão há  meses sem receber seus salários. Em dezembro do ano passado a Petrobras reincidiu o contrato com o Consórcio UFN 3, que  alegava ser necessária a assinatura de um termo aditivo ao contrato assinado para a execução da construção, uma vez que o valor inicialmente contratado era insuficiente para a sua conclusão.  Além de não pagar os fornecedores, o Consórcio também deixou milhares de trabalhadores sem receber e que só conseguiram receber seus créditos trabalhistas depois que a Justiça do Trabalho determinou o bloqueio de quase R$ 50 milhões da Petrobras para pagar esses trabalhadores.

PETROBRAS

Em nota encaminhada na tarde de ontem ao Jornal do Povo, a Petrobras informou que, está legalmente impedida de realizar pagamentos a fornecedores com os quais ela não possui vinculo contratual direto. E, apesar de não integrar a relação contratual estabelecida entre o Consórcio UFN3 e seus subcontratados e fornecedores, a Petrobras – em parceria com a Prefeitura de Três Lagoas e a Associação Comercial e Industrial– vem conduzindo negociações diretamente com a Sinopec (integrante do Consórcio),visando encontrar meios para fazer cumprir o pagamento dos débitos contraídos pelas empresas locais.

A Sinopec, por sua vez, já declarou durante reunião realizada na semana passada, que não possui dinheiro para arcar com o pagamento desta dívida.  Sobre a continuidade das obras de construção e montagem da UFN III, paralisadas desde a rescisão do contrato com o Consórcio em dezembro do ano passado, a Petrobras informou que já está refazendo o cronograma do projeto para garantir a conclusão do empreendimento no menor prazo possível.Município e Estado podem cancelar incentivos fiscais concedidos à Petrobras

 

Falta de pagamento aos empresários locais pode comprometer incentivos concedidos à Petrobras

A Prefeitura e o governo do Estado estudam a possibilidade de cancelar os incentivos fiscais concedidos à Petrobras para a instalação da fábrica de fertilizantes nitrogenados, em construção em Três Lagoas. Essa possibilidade surgiu em razão da dívida de mais de R$ 20 milhões que o Consórcio UFN 3 possui só com empresários locais, além de muitos outros, que inclusive, protestaram títulos não pagos em Cartório de Protestos da Comarca.

A falta de pagamento tem afetado negativamente, não só o comércio de Três Lagoas, mas de todo o Estado, já que a dívida do Consórcio não é apenas com empresários locais, mas com fornecedores de outros municípios e regiões do país. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), se prontificou em agendar uma reunião com a presidente da Petrobras, Graça Foster, para tratar  do pagamento  pretendido pelos fornecedores, além de cobrar um posicionamento sobre a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN 3).

Segundo a prefeita Márcia Moura, a possibilidade de cancelar os incentivos fiscais para a Petrobras já foi  comunicada, inclusive, para representantes da estatal, uma vez que está sendo estudada a legalidade jurídica para essa providência.  Caso a Petrobras, ou as empresas que formavam o Consórcio não paguem os fornecedores locais, o município poderá cancelar os incentivos concedidos à Petrobras em isenção de ISSQN durante a construção da fábrica e de IPTU, por dez anos. Para agravar a situação, não está descartada a possibilidade do Estado também cancelar os incentivos que concedeu.

&saibaDe acordo com a prefeita, não é justo o que está acontecendo com os empresários locais, uma vez que a Petrobras recebeu todos os incentivos fiscais necessários, inclusive, a doação de uma área para a instalação da fábrica de fertilizantes nitrogenados que custou R$5 milhões. Márcia, no entanto, espera e acredita que a Petrobras resolverá essas pendências com os empresários locais, sem a necessidade do cancelamento dos incentivos fiscais.