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Três Lagoas

Empresários se mobilizam para receber dívida milionária da UFN 3

Ao todo, 99 empresários estão sem receber do consórcio

 - Cláudio Pereira
- Cláudio Pereira

Empresários de Três Lagoas compareceram na sessão de ontem da Câmara Municipal para pedir apoio político e informar como está a situação deles diante da dívida milionária que o Consórcio UFN 3, responsável pela construção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Petrobras, possui com empresários locais.

Segundo o presidente da Associação Comercial e Industrial de Três Lagoas, Atílio D’ Agosto, ao todo o Consórcio deve R$ 9 milhões para 99 empresários da cidade. Essa situação tem causado sérios prejuízos para os empresários locais, bem como para o comércio, já que é uma cadeia.

Empresário no ramo de hotelaria, Charles Kipingen, informou que o Consórcio deve R$ 411 mil para ele, dívida que se arrasta desde julho deste ano. Para Kipingen, a Petrobras só trouxe problemas para os empresários locais, situação bem diferente se comparado ao período da construção das empresas de celulose no município. “Não tivemos nenhum problema com a maior fábrica de celulose quando fornecemos serviço para essa empresa. E quando nós ficamos sabendo que a Petrobras chegaria para montar a fábrica de fertilizantes, ficamos contentes, pois era o que sempre esperávamos. Mas, na verdade, a Petrobras hoje nos decepciona demais, pois ela simplesmente lavou as mãos do problema que ela trouxe para Três Lagoas. Muitas pessoas podem deixar de ser empresários amanhã, devido a essa situação”, comentou.

De acordo com o empresário, essa não é a primeira vez que o Consórcio fica meses sem pagar os empresários. Charles disse que, quando o Consórcio pagou a dívida anterior, se comprometeu com os empresários de que não iria mais atrasar o pagamento, por isso eles continuaram prestando serviço.

O empresário Marcos Vinicius Pietraroia possui uma cozinha industrial e fornecia refeição para o Consórcio. Entretanto, em setembro deste ano, deixou de fornecer alimentação, pois o Consórcio deve para ele, R$ 64 mil. “Tive que mandar funcionários embora e, se não pagar o prejuízo vai ser grande”, destacou. Hertz Garcia possui um alojamento para trabalhadores. Para ele, o Consórcio deve R$ 498 mil há quatro meses.

Joelson Candido Dias é gestor de uma cozinha industrial, e também esteve na Câmara Municipal na noite de ontem. Ele disse que o Consórcio deve para a sua empresa R$ 500 mil há três meses. O empresário informou que a situação está insustentável, e não descarta parar de fornecer refeição para os trabalhadores do Consórcio nos próximos dias, caso não recebe o valor da dívida.

O empresário Hélio Morales Leal disse que há 120 dias está sem receber do Consórcio UFN 3. Ele não revelou o valor da dívida, mas disse que essa situação é muito ruim, pois é uma cadeia, a qual faz com que o débito seja repassado para outros. “No comércio você recebe para pagar e, quando você não recebe, também não paga outras pessoas”, ressaltou.

Ainda segundo Hélio Morales, o Consórcio tem alegado falta de recursos para quitar a dívida com os empresários, além de justificar também problemas administrativos. O empresário comentou que seria muito ruim se o Consórcio não concluir essa obra, pois levaria mais tempo para ser concluída por outra empresa. “Eu quero crer que termine, mas se não terminar, alguém tem que concluir, pois esta fábrica é vital para o nosso país, nossa região e nosso Estado”, salientou.