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Três Lagoas

Escola é espaço para combater intolerância religiosa, afirma professor

Para doutor em História, religiões alvo de intolerância contribuem para o multiculturalismo e pluralidade da sociedade

O Programa RCN Notícias 2ª Edição, da Cultura FM 106, 5, abordou nesta quinta-feira (18), o tema educação e intolerância religiosa em entrevista com Mário Teixeira de Sá Junior, doutor em História, professor da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Segundo Mário, muitas vezes, a escola é intolerante por ser o reflexo de uma sociedade que possui preconceito. No entanto, é justamente neste espaço de formação que professores e alunos devem combater a intransigência religiosa.


Para o professor, as religiões de matrizes afro-brasileiras não são bem aceitas pelo conjunto da sociedade, sendo assim, um dos principais alvos da intolerância. “Uma sociedade onde a herança da escravidão ainda é muito forte, onde os preconceitos étnicos raciais ainda são preconceitos muito fortes, acaba se desdobrando como se essas religiões fossem de qualidade inferior comparada as de matrizes europeias, o que faz com que muitas vezes sem perceber muitas pessoas contribuam no processo de sedimentação desses preconceitos étnicos raciais”, comentou Mário.


De acordo com o professor, a escola é um espaço fundamental para se trabalhar a tolerância religiosa e a transformação da sociedade. “É na escola que nós temos que exercitar a alteridade, a diversidade, o lidar com o outro”, disse.


Segundo Mário, há um despreparo da sociedade brasileira, incluindo na formação de professores da educação básica,  quanto ao tema religião e sala de aula. “A universidade não é diferente da sociedade brasileira, ela também possui os mesmos preconceitos. Por desconhecermos a beleza dessas religiões afro-brasileira, por exemplo, que são belas como quaisquer outras religiões, nós acabamos construindo um preconceito sobre elas. Como a sociedade é preconceituosa e os professores são filhos dessa sociedade acabamos por ter uma escola preconceituosa também, que aceita determinadas matrizes religiosas, mas discrimina outras”, comentou.


O professor afirma que as pessoas precisam ter conhecimento de que essas religiões alvo de exclusão contribuem, assim como outras, para o multiculturalismo e pluralidade da sociedade. “Os símbolos que se pensam o Brasil para fora são os símbolos afro-brasileiros. A nossa comida é a feijoada, a nossa música é o samba, a nossa luta é a capoeira. Isso nos faz diferente, nos faz ímpar, nos faz um grupo que é admirado pelo mundo inteiro por nossa pluralidade. O Brasil é muito conhecido para fora, falta se reconhecer para dentro”, pontuou.