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Eldorado Brasil

Expansão pode ficar comprometida por possível envolvimento na Lava Jato

Empresa tem planos de conseguir recursos de fundo público, supostamente usado em corrupção

Projeto de expansão da fábrica de celulose pode ficar comprometido  - Arquivo/JP
Projeto de expansão da fábrica de celulose pode ficar comprometido - Arquivo/JP

O projeto de expansão da fábrica de celulose Eldorado Brasil, em Três Lagoas, pode ficar comprometido com o envolvimento da empresa em um possível esquema de corrupção  investigado em mais uma etapa da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (1º) de julho.

Alvo de investigações na operação batizada como Sépsis, a Eldorado Brasil, da J&F Investimentos – holding da família Batista – pretendia conseguir mais recursos junto do Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) para financiar seu programa de crescimento.

A Eldorado passou a ser alvo da investigação após delação premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, que revelou um esquema de propina em operações envolvendo o FI-FGTS.

O ex- vice-presidente da Caixa teria revelado que o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria recebido aportes milionários FI-FGTS, que usa parte dos recursos dos trabalhadores, para investir em infraestrutura. Entre os valores recebidos estariam o de comissões relacionadas às obras da Eldorado Brasil em Três Lagoas.

A empresa teria solicitado R$ 1,8 bilhão para a obra, mas conseguiu R$ 940 milhões. E segundo o delator, Cunha teria recebido valor superior a 1% como comissão.
De acordo com Cleto, Eduardo Cunha cobrava comissões que variavam entre 0,3% e 0,5% ou até mais de 1% dos repasses feitos pelo fundo.

Segundo reportagem publicada na sexta-feira pela Revista Época, o ex- vice-presidente da Caixa afirmou que Cunha é quem decidia sobre os investimentos do FI- FGTS, cujos projetos com desvios somam R$ 6 bilhões. Cunha ficava com 80% da propina e Cleto, com 4%. Revelou também que foi ele quem tratou diretamente com Joesley Batista, principal acionista da J&F, e que a holding operou no esquema por meio da Eldorado Brasil. Segundo a reportagem, ele recebeu R$ 680 mil como propina pela viabilização do dinheiro do FI- FGTS.

EXPANSÃO
No dia 15 de junho do ano passado, em evento que contou com a presença do presidente da empresa, José Carlos Grubisich, a Eldorado Brasil anunciou o projeto de expansão da fábrica de celulose em Três Lagoas, orçado em R$ 8 bilhões.

A empresa pretendia conseguir cerca de R$ 1,5 bilhão com o FI-FGTS, R$ 1,5 bilhão com o Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), bem como do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de agências de créditos à exportação. O restante, R$ 3 bilhões, seriam levantados por meio de capital levantado entre sócios.

A fábrica de celulose entrou em operação em dezembro de 2012. As obras de expansão foram iniciadas no ano passado, mas sem grandes avanços. Apenas os serviços de terraplanagem foram executados.

NOTA

Em nota, divulgada na sexta-feira, "A Eldorado confirma que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências em São Paulo . A companhia desconhece as razões e o objetivo desta ação e prestou todas as informações solicitadas. A Eldorado sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade. A companhia se mantém à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais".