A reforma na Unidade Educacional de Internação (Unei “Tia Aurora) pode sofrer atrasos no cronograma por conta da falta de segurança e lotação na instituição.
De acordo com o diretor da Unidade “Tia Aurora”, em Três Lagoas, Mauro Vicente Jerônimo, a situação foi repassada ao juiz da 2ª Vara Criminal Eduardo Floriano nesta semana, com o objetivo de buscar uma solução para o impasse. Uma das sugestões dadas pelo diretor foi a de convocação de um reforço temporário da Polícia Militar (PM).
A reforma da instituição foi aprovada pelo governo estadual na semana passada, após a decretação de greve dos agentes educadores por conta de vários fatores, entre eles falta de estrutura física e segurança. Para a reforma – obra que será executada pela Agência Estadual de Gestão e Empreendimentos (Agesul) -, foram destinados cerca de R$ 80 mil.
O diretor explica que na segunda-feira (10), foi concluída a obra de reforço em dois alojamentos da Unidade. O “reforço” consiste na implantação de vigas de concretos nos batentes das portas, danificados num motim ocorrido no mês passado, para aumentar a residência.
Com isto, a direção pode realizar o rodízio entre os adolescentes infratores. Aqueles que, desde a semana passada, estavam na carceragem da 1ª Delegacia de Polícia (aproximadamente 18 adolescentes) retornam para a Unei na tarde de segunda-feira (9) e os que se encontravam na Unidade, foram para a delegacia.
Agora, resta o reforço nos outros dois alojamentos para que todos os adolescentes possam deixar a delegacia, mas o diretor admite que “não está sendo fácil”. Por falta de segurança e o problema de lotação, os trabalhadores responsáveis pela obra se recusam a ficar na Unidade.
“Isto porque estamos falando apenas do reforço. A reforma em si, terá de ser reestudada por conta do número de adolescentes”. Atualmente, a unidade conta com quase 40 adolescentes e até jovens – o triplo da capacidade. A faixa etária dos internos da Unei varia de 12 à 21 anos incompletos. A disparidade se deve, em muitos casos, à demora no julgamento – adolescentes detidos com 17 anos são julgados apenas após atingirem a maioridade.
EXONERAÇÃO
Nesta quinta-feira (12), os agentes educadores da Unei completam nove dias de paralisação. Entretanto, os problemas na Unidade podem ser ainda maiores. Desde o começo da paralisação, servidores da unidade começaram a entrar com pedidos de afastamento, por meio de atestados médicos, número crescente a cada dia. Na mesma época, dois servidores já haviam anunciado o pedido de exoneração do cargo. Agora, o número de exonerações pode crescer para, pelo menos, oito.
O motivo seria a falta de segurança e as ameaças crescentes dos internos. Após a morte do agente três-lagoense Luiz Antônio Evangelista Nunes, o clima de tensão, que já era comum na instituição, triplicou. Os adolescentes, ludibriados com a possibilidade de que o agente tenha sido por um “companheiro” (outro adolescente, detido pela Polícia Civil), teriam se sentidos incentivados à dispararem ameaças contra todos os servidores.
“Os adolescentes realmente estão muito agitados. É preciso muita conversa para acalmá-los e manter a ordem, até mesmo porque não temos outra forma de agir”, confirma Jerônimo.
O diretor explica que, por motivos de segurança, não pode divulgar o número de agentes lotados na Unidade, mas informa que seriam necessários no mínimo 40 educadores – dez por plantão. Hoje, a estimativa é de que a defasagem atinja a marca de 80%. (R.P)