Familiares protestaram contra a demora na reforma do Presídio Feminino de Três Lagoas. A manifestação teve início às 13 horas, em frente ao estabelecimento penal. De lá, as famílias seguiram a pé para o prédio do Fórum, onde esperam ser atendidos pelo Judiciário.
Conforme o construtor civil Nildo da Silva Vieira, 46 anos, o protesto visa acelerar a reforma de, pelo menos, duas (ou três) celas da unidade penal para que as internas de Três Lagoas possam retornar. “Minha filha está na Cadeia Pública de Rio Brilhante, dividindo uma cela com cerca de 17 internas. As condições de lá são subumanas, mil vezes pior que aqui. Além disso, o custo para ir visitá-la é altíssimo”. Vieira informou que a filha de 24 anos está com anemia, por conta de um aborto espontâneo que teve quando ainda estava na unidade do Município. “Ela foi transferida com hemorragia e lá, os médicos não a atendem como deveriam”.
Na mesma situação está João Batista de Lima, 51 anos. Ele afirma que teve de vender a moto para poder visitar a esposa. “Por conta da distância, são mais de R$ 300 por pessoa, e a cada visita. Fora isso, temos que comprar alimentos, roupas e materiais de higiene pessoal. Tive que vender minha moto. Além disso, lá são 70 internas num único pavilhão”, disse. A mulher dele foi transferida para o presídio de Campo Grande.
Além do custo, o que mais está revoltando os familiares foi a demora, tanto para o início, quanto para a conclusão da obra. “Vai fazer 90 dias que elas estão fora. A reforma, que iniciou nesta semana, deverá durar cerca de 240 dias, sete meses. Ou seja, um ano nesta situação”, destacou Silvano Ferreira dos Santos, 33 anos, marido de uma interna de 29 anos, mãe de quatro filhos – um deles ainda em fase de amamentação.
VOLUNTÁRIOS
Todos os manifestantes se prontificaram a auxiliar nas reformas como voluntários se preciso. “Sou construtor, aqui há pessoas com experiência e, acima de tudo, todos estão dispostos a ajudar. Se acham que o presídio daqui estava em más condições, é porque não conhecem os lugares para onde elas foram transferidas”, disse Vieira.
No Fórum, uma comissão composta por três manifestantes iria tentar uma audiência com o Juiz de Execuções Penais, Eduardo Floriano Almeida. “Queremos apenas que cumpram a Constituição, que prevê que o interno deve ficar o mais próximo da família”, desabafou João Batista.
O vereador Ângelo Chaves Guerreiro (PDT) esteve na manifestação. Ele informou que irá à Campo Grande para tentar a viabilização das celas.
No ano passado, o judiciário solicitou a interdição do Presídio Feminino e do Semi-Aberto por conta das más condições da estrutura física. Já em 14 de novembro, as 58 internas que cumpriam pena no regime fechado foram distribuídas em cinco unidades do Estado: Bataguassu, Corumbá, Rio Brilhante e São Gabriel do Oeste. Do total de internas, aproximadamente 30 eram de Três Lagoas.
Nesta semana, a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) iniciou as obras de reforma na unidade penal.