Veículos de Comunicação

Três Lagoas

Famílias exigem comitê para decidir sobre casas

Moradores da esplanada da NOB pedem definição sobre propriedade dos imóveis

Representantes das famílias da NOB querem acompanhar decisão sobre áreas  - Elias Dias
Representantes das famílias da NOB querem acompanhar decisão sobre áreas - Elias Dias

As famílias que residem na esplanada da antiga Noroeste do Brasil (NOB) querem criar um comitê gestor para acompanhar as decisões do poder público em relação à área e imóveis que pertenciam à extinta Rede Ferroviária Federal. Na manhã de ontem, representantes do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários e de moradores da NOB participaram de uma reunião com a prefeita Márcia Moura para propor a criação da comissão.

De acordo com Leidilaine Costa Lopes, a intenção é que o comitê gestor tenha a participação de moradores da NOB e da prefeitura. “A intenção do comitê gestor é esta: tudo o que for definido em relação à área, queremos participar e opinar, para evitar que famílias venham a ficar na rua e que saiam com uma mão na frente e outra atrás”, adiantou.

O professor de história da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Vitor Vagner de Oliveira, que também participou da reunião, disse que o objetivo da comissão é acompanhar e discutir todo o processo que envolve o patrimônio da antiga ferrovia, bem como a situação das famílias residentes na esplanada da NOB.

Algumas dessas famílias foram notificadas pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU/MS), no Estado, para deixar os imóveis. Essa notificação, no entanto, não tem validade, já que existe uma demanda na justiça em relação à área. A Prefeitura de Três Lagoas ingressou, em 1988, com ação judicial alegando que essas áreas pertenciam ao município e não à Rede Ferroviária, que argumentou que os imóveis eram de sua propriedade. Em contrapartida, o município ajuizou ação de cobrança de IPTU e ISS, entre outros impostos.

Apesar do impasse, existe boa vontade entre as partes para resolver essa questão jurídica, já que a União pretende dar um destino aos imóveis que pertenciam à ferrovia, hoje sob sua responsabilidade. É preciso, porém, que uma decisão judicial acate o perdão da dívida pela União, o que possibilitará a transferência legal dessas áreas ao município.

Enquanto não há uma decisão, os moradores querem a criação do comitê gestor para acompanhar todos os trâmites envolvendo esses imóveis. “Nós temos percebido alguns entraves, tanto por parte da União, quanto do município. Nós estivemos hoje [ontem] aqui na prefeitura na expectativa do município abrir mão do processo que ele tem contra a União, mas a prefeitura alega que não tem como fazer isso. E, enquanto não for resolvido esse impasse de quem é o proprietário dessa área, os moradores e todos os envolvidos vão ficar à mercê do tempo, sem poder investir nas casas e sem segurança jurídica de morar no local”, destacou o professor da UFMS, ressaltando que a prefeitura ficou de analisar a possibilidade de criação do comitê gestor.