Cansadas de esperar por obras de infraestrutura, necessárias para iniciarem a construção de moradias populares em um terreno doado pela Prefeitura de Três Lagoas em 2011, quatro famílias ocupam há uma semana parte do loteamento Primavera, nas proximidades do bairro Jardim das Violetas, zona Oeste da cidade. Dois barracos foram erguidos no local e outros lotes foram demarcados.
As famílias dizem aguardar há oito anos por uma moradia popular. Tudo começou, segundo os sem-teto, quando o grupo ocupou uma área do governo federal nas proximidades da linha férrea, em 2008. Nessa época, as famílias aderiram a um movimento por moradia.
As unidades seriam construídas com recursos do governo federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades. Mas, só em 2015 a matrícula do loteamento em cartório foi aprovada e liberada. Em seguida, houve a abertura de ruas e a instalação de redes de esgoto e iluminação pública.
De acordo com o representante da Central de Moradias Populares (CMP), Francisco Braz, o recurso para a construção das casas estaria garantido pela Caixa Econômica Federal – responsável pelo programa habitacional – mas, a liberação só ocorreria após obras, como asfalto e drenagem.
De acordo com a prefeitura, obras de drenagem têm valor elevado e o município não teria condições de executar no momento. O movimento afirma, porém, que a prefeitura poderia executar, agora, parte da obra para atender ao loteamento antes de abranger outros bairros da região.
As casas serão construídas através do regime de mutirão para 146 famílias. Uma reunião com a prefeita Márcia Moura (PMDB) foi agendada para o dia 23 deste mês para discutir a situação.
OCUPAÇÃO
A decisão do grupo da ocupar a área, segundo Francisco Braz, ocorreu também porque outro movimento teria ameaçado invadir os lotes. “São oito anos de luta, trabalhando para conseguir toda documentação e projeto, para outros quererem ocupar a área que nós conseguimos? Não é justo”, comentou.
NECESSIDADE
Mãe de cinco crianças, Márcia Vicente Cardoso, 28, é uma das moradoras da ocupação. Ela disse que o marido está desempregado e que não tinha como pagar aluguel. Por isso, resolveu erguer um barraco e morar no terreno, mesmo sem infraestrutura. “Quase fomos despejados de onde estávamos morando. Ficou difícil porque tem a alimentação das crianças, contas de água, luz e o aluguel. Não houve outra alternativa. Por isso tomamos essa decisão”, relatou.
Márcia disse que já se cadastrou no Departamento Municipal de Habitação para outros programas habitacionais populares, mas não foi sorteada.