O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, disse ontem (4) que, apesar de a equipe econômica do governo ainda não ter definido o valor do financiamento público da safra 2009/2010, a expectativa é que o valor varie entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões. Na safra 2008/2009 o financiamento foi de R$ 78 bilhões, sendo R$ 65 bilhões para a agricultura empresarial e R$ 13 bilhões para a agricultura familiar.
Desde que a crise imobiliária nos Estados Unidos produziu o efeito de redução do crédito que empresas estrangeiras, chamadas tradings, davam à agricultura brasileira na forma de fornecimento de insumos e compra antecipada da colheita, o setor agropecuário reivindica uma participação maior do governo no financiamento da safra. Antes, esse financiamento era divido em três partes praticamente iguais: uma, era coberta pelo dinheiro que os próprios agricultores juntavam das produções anteriores, outra pelas tradings e outra pelo governo, principalmente via crédito do Banco do Brasil.
Caso o financiamento do governo aumente no patamar estimado pelo ministro da Agricultura, cerca de 20%, ainda restará uma lacuna, que teria de ser preenchida por recursos próprios dos produtores rurais ou de tradings que poderiam voltar a investir no setor. Stephanes também afirmou que outras medidas podem ser tomadas. “Com a crise, vamos ter que atuar mais forte em outros instrumentos”, observou ele, referindo-se a investimentos na comercialização da safra.
“O fortalecimento das cooperativas é uma idéia presente porque pode substituir outras formas de financiamento”, disse o ministro, antes de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com representantes da equipe econômica para fazer uma análise do que pode ser feito para o setor rural.