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Três Lagoas

'Foi um prazer servir a população de Três Lagoas'

Na entrevista especial da semana, o delegado Vitor Lopes conta um pouco da sua trajetória à frente da Polícia Civil

Vitor José Fernandes Lopes trabalhou por 38 anos na Polícia Civil, na cidade - Arquivo/JP
Vitor José Fernandes Lopes trabalhou por 38 anos na Polícia Civil, na cidade - Arquivo/JP

Jornal do Povo – Há quanto tempo o senhor está em Três Lagoas atuando como delegado e como foi o processo para chegar à cidade?  

Vitor José Fernandes Lopes – Estou em Três Lagoas desde 1985. Em 1983, participei da primeira fase do concurso para delegado, que foi realizada em Três Lagoas. Gostei da cidade e logo pretendi escolher aqui para trabalhar. Saí da Academia de Polícia em 1984 e fui designado a assumir a Delegacia Central, em Paranaíba. Porém, depois de um ano, recebi convite para trabalhar em Três Lagoas e, de pronto, aceitei. 

JP – Qual avaliação o senhor faz desse tempo que ficou à frente da Polícia Civil em Três Lagoas ? 

Vitor – Foi um prazer servir Três Lagoas todos esses anos. De início, a cidade era tranquila. Não havia assaltos e o que mais preocupava, à época, eram os furtos de gado e alguns conflitos rurais em decorrência a grilagem de terra. Existia na cidade apenas uma Delegacia de Polícia para atender todas as ocorrências, da qual eu era do chefe. Havia também a Delegacia Regional, que tinha atividade meramente administrativa. Ao longo dos anos, a cidade cresceu e os problemas vieram com este desenvolvimento, aliado ao surgimento do “crack”, um entorpecente de baixo custo que foi disseminando aos poucos. Foi necessária, então, a evolução da Polícia Civil, tendo a Delegacia Central sido transformada em 1º Distrito Policial e criado o 2º DP, bem como a Delegacia de Atendimento à Mulher. Posteriormente, veio a 3ª Delegacia e, depois, a Depac. Criamos a DIG [Delegacia de Investigações Gerais], hoje transformada em SIG – Seção de Investigações Gerais, e o NIP – Núcleo de Inteligência Policial. Portanto, a avaliação é positiva. Hoje contamos com a tecnologia e serviços de inteligência, o que possibilita a elucidação de crimes e o desmantelamento de quadrilhas.

JP – O que o senhor destacaria como positivo para a cidade na área da segurança pública que foi uma conquista sua?

Vitor- Na realidade as conquistas conseguidas pela Polícia Civil foram graças a um trabalho de equipe e união de esforços dos delegados de polícia de hoje e os que por aqui passaram. Uma delas posso destacar como uma conquista extremamente positiva que foi a criação da DIG em 2007, pois esta Unidade, logo ganhou a confiança do Poder Judiciário e do Ministério Público devido à intensa atuação no combate à criminalidade, de forma séria e legalista.   

JP – Tem algo que o senhor gostaria de ter feito e não conseguiu?

Vitor – Sim. Prover os distritos policiais com equipes de investigações, pois o ideal seria cada unidade investigar os crimes acontecidos em suas circunscrições, contando com o apoio técnico e de inteligência da SIG, esta que ficaria com os casos mais graves e de repercussão para pronta resposta. Outra medida que também não consegui e que seria de grande importância para a cidade do porte de Três Lagoas – terceira cidade do Estado -, seria a criação formal da Depac – a Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário nos moldes da mesma unidade de Campo Grande, ou seja, com delegados, escrivães e investigadores exclusivamente para dar atendimento ao público no sistema de plantão presencial. Hoje é uma delegacia virtual, onde policiais dos distritos cumprem o plantão e voltam para suas delegacias de origem. Se tivéssemos delegados presentes 24 horas na referida unidade para recepcionar o público, certamente a qualidade de atendimento e a resposta seriam muito mais eficientes e quem ganharia é o cidadão. Estas conquistas não foram possíveis devido ao mesmo problema: falta de efetivo policial. 

JP – Como era trabalhar na Polícia Civil assim que o senhor chegou à cidade, para os dias atuais. Qual a diferença?

Vitor – A diferença é basicamente na qualidade da infraestrutura policial. À época não tínhamos sedes próprias e aparelhadas. A tecnologia da época era o Telex e sistema de telefonia, e havia unidade da região que sequer telefone tinha. Hoje, a tecnologia avançada norteia as nossas atividades de investigação e cartorária.

JP – Qual o crime, ou os crimes que marcaram sua vida nesses 38 de profissão? 

Vitor – Não saberia elencar um crime apenas nestes 38 anos como policial civil, pois tive a oportunidade de trabalhar com o regime militar na capital do Estado de São Paulo, até a fronteira com o Paraguai, onde atendi vários crimes de repercussão, cada um com sua importância e característica. 

JP – Qual o recado que o senhor deixa à sociedade três-lagoense.

Vitor – Meu recado é de otimismo. É que acreditem na nossa instituição e que a procurem quando precisarem de apoio. Há na Polícia Civil hierarquia e disciplina. Portanto, é obrigação de seus integrantes atenderem bem a população, porque não é um favor que fazemos à sociedade em atendê-la. É uma obrigação. Somos pagos para esse mister e, como servidor público, existimos para servir ao público. E o mais importante, que cada policial civil tenha a consciência de duas palavras que norteiam nossas atividades: servir e proteger.