O acesso de mercadorias e trânsito de veículos entre Brasil e Bolívia, a partir de Corumbá, está suspenso por 48 horas desde a madrugada desta segunda-feira (8). O “paro” é o segundo que ocorre na fronteira no prazo de menos de 15 dias e, desta vez, caminhões estão fechando o acesso. A manifestação anterior ocorreu em 25 de julho, com duração de 24 horas. Os manifestantes, que fazem parte do Comitê Cívico, cobram do governo federal boliviano a realização do censo no país. A paralisação ocorre em outras partes da Bolívia também.
A realização do censo estava programa para começar em novembro de 2022, mas o governo federal decidiu postegar sua realização para 2024. A realização do censo na Bolívia, tal qual ocorre no Brasil, gera índices que servem para definir repasses de recursos federais para departamentos (espécie de estado) e os municípios.
Mais de 100 caminhões que levam diferentes cargas para a Bolívia e que também trazem mercadorias para o Brasil devem atrasar-se com o cronograma de viagem. O Sindicato das Empresas de Transporte e Logística do Pantanal (Setlog Pantanal) está acompanhando a movimentação e notificou empresas e motoristas particulares que transitam na região sobre a situação.
Mato Grosso do Sul movimentou na fronteira Brasil-Bolívia mais de US$ 730 milhões, entre importação e exportação, no período de janeiro a junho. A média é que em torno de US$ 4 milhões circulam diariamente nessa região, que abriga o maior porto seco do centro-oeste.
Além do reflexo no comércio internacional de Mato Grosso do Sul, o fechamento da fronteira causa problemas para estudantes. Em Puerto Quijarro há universidade que abriga estudantes brasileiros, principalmente os que fazem medicina. Em geral, essas pessoas moram em Corumbá e Ladário. Além disso, há alunos de ensino fundamental e médio que moram em municípos fronteiriços como Quijarro, Puerto Suarez e o distrito de Arroyo Concepción e vêm até Corumbá para estudar. A estimativa é que haja 500 alunos que fazem essa viagem diariamente.
Na região de Corumbá e Puerto Quijarro, não houve registro de incidentes de violência contra a manifestação. Porém, o mesmo tipo de protesto acontece em outras partes da Bolívia e houve alguns confrontos. Fotógrafo do jornal boliviano El Deber chegou a ser atacado durante cobertura que era feita nas proximidades de Santa Cruz de la Sierra. Conforme o jornal, havia policiais no local mesmo assim não houve intervenção.
Na Bolívia, há uma disputa política que ocorre entre o governo federal, que tem como presidente Luis Arce do partido MAS e o governo departamental de Santa Cruz, que tem com governador Luis Fernando Camacho. O governador é um dos apoiadores do paro.