O Grupo RCN de Comunicação vai desenvolver durante todo o mês de março uma campanha inédita na mídia de Mato Grosso do Sul para a defesa da mulher. A campanha “Mulher Protegida”, lançada na quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, inicia um trabalho para a instalação do sistema conhecido por “botão de pânico” na cidade.
O dispositivo é conectado a uma rede de sinal GPS e capaz de enviar mensagens instantâneas para as polícias Civil e Militar parta impedir o acesso de agressores a mulheres vítimas de violência doméstica. A autorização para uso do equipamento necessita de determinação judicial, o que não ocorre na cidade devido à falta do “botão” na cidade, apesar de Três Lagoas ser uma das cidades com maior número de casos de agressão contra a mulher no Estado há vários anos.
Em 2017 houve registro de 1,3 mil ocorrências – cinco delas terminaram em homicídio. Em um dos crimes, o assassino foi condenado a 13 anos de cadeia. A média diária de ocorrências de agressões contra mulheres, em Três Lagoas, é de quatro crimes, desde ofensas morais, ameaças de morte e lesões corporais.
Neste ano, duas mulheres foram assassinadas a tiros por ex-maridos que não aceitavam o fim dos relacionamentos. Melhor sorte teve Neide (nome fictício), obrigada a se esconder em uma igreja para escapar da fúria do marido armado com duas facas e um galão de gasolina, disposto a pôr fim à sua vida.
Por isso, a delegada da mulher em Três Lagoas, Letícia Mobis, é uma das defensoras da campanha. Leia entrevista especial com ela na página 14.
Para a advogada Eclair Nantes, conselheira estadual da OAB, a campanha é necessária e urgente. “Existem outras medidas que podem ser tomadas, mas é sim necessário, e forte o bastante para contribuir com a segurança da mulher”, disse.
A coordenadora da Comissão de Combate à Violência Doméstica e Familiar, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Três Lagoas, Simone de Siqueira Ferreira, defende que a campanha seja “enriquecida” com medidas anteriores. “É preciso orientar vítimas de agressão a identificarem o crime a que são submetidas e a utilizarem mecanismos de segurança e de orientação dos serviços públicos, por exemplo. É preciso romper a barreira da família, onde os crimes ocorrem, para que a mulher tenha coragem de dar um basta e tomar novos rumos na vida”, disse.
A secretária municipal de Assistência Social, Vera Helena Arsioli Pinho, disse que o município mantém estrutura de atendimento a vítimas de agressão, inclusive com casas de acolhimento que podem ser ocupadas por tempo indeterminado.
“Damos toda a estrutura, que pode ser como uma nova casa, mas é preciso que a mulher vítima de agressão dê prosseguimento ao caso, e não simplesmente retirar a queixa e apenas perdoar o agressor”, disse.