Mato Grosso do Sul foi criado em 1977 por meio da Lei Complementar Nº 31, de 11 de outubro, assinada pelo presidente do país, general Ernesto Geisel, durante o Regime Militar. O novo Estado se desmembrava do então vastíssimo Mato Grosso para tentar o caminho da prosperidade, como sonhavam os divisionistas, desde o final do século XIX.
Na década de 70, os políticos divisionistas aproximaram-se dos militares e, secretamente, conseguiram identificar quais forças políticas impediam a divisão de Mato Grosso. Os estudos realizados na época encontraram apoio diante da visão militarista dos governantes sobre a geopolítica brasileira. E a decisão de criar Mato Grosso do Sul ocorreu em abril de 1977, seis meses antes da assinatura da Lei, e quase um século depois dos primeiros manifestos do chamado movimento divisionista, registrados no município de Corumbá, em 1889.
Na prática, o então Mato Grosso uno foi evetivamente dividido somente em janeiro de 1979 com a instalação do governo de Mato Grosso do Sul. Mas, faltando poucos dias para a cerimônia, ainda não existia o Hino Oficial de MS. Um concurso para a definição dos símbolos do Estado tinha sido aberto – Bandeira, Brasão e Hino – mas nenhuma letra apresentada teria agradado a comissão julgadora, que tinha até o final de novembro de 1978 para escolher o melhor trabalho e premiar em 100 mil cruzeiros o vencedor do Hino, cerca de R$ 25 mil em valores atuais.
A melodia havia sido criada e oferecida ao novo Estado pelo maestro carioca Radamés Gnattali, músico com reconhecimento internacional. Às vésperas do Natal de 78 e da cerimônia de posse, marcada para 1º de janeiro, ainda se buscava um Hino para Mato Grosso do Sul. A solução encontrada foi recorrer aos membros da Academia de Letras do Estado.
Foi então que os advogados Jorge Antônio Siufi (1932-2011) e Otávio Gonçalves Gomes (1916-1992), membros da Academia, desenvolveram a letra oficial, com versos poéticos entrelaçando história e geografia, além de destacarem as potencialidades do novo Estado. Os dois trabalharam em cima da partitura de Gnattali durante cinco dias para escrever a letra a partir dos acordes criados pelo maestro.
Um detalhe da história é que, pelo regulamento do concurso, apenas homens poderiam participar e os autores da letra nunca receberam o prêmio oferecido. Somente o músico Radamés Gnattali teria ficado com uma pequena parcela do dinheiro.
O Campo-grandense Jorge Antônio Siufi não foi escolhido por acaso. Quando ainda estudava Direito no Rio de Janeiro, sempre que podia, ele participava de programas na Rádio Nacional, como cantor. Era seresteiro, amante do bolero e do tango e gostava de se apresentar em praça pública e para os amigos. Chegou a gravar algumas músicas e a ganhar prêmios em festivais como intérpete e compositor. Como profissão, atuou na advocacia e no Ministério Público, mas tinha a música e a literatura como hobbies.
Assista abaixo um trecho do jornal CBN Campo Grande desta terça-feira (11), feriado em comemoração aos 45 anos de Mato Grosso do Sul, com a exibição de um vídeo produzido pela UFMS na interpretação do Hino Oficial do nosso Estado.