Após o Jornal CBN Campo Grande divulgar a mortantade de peixes no Rio Miranda, o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) encaminhou técnicos à região, no pantanal sul-mato-grossense, nesta terça-feira (21), para investigar a possível causa da morte de espécies como dourado e arraia.
A equipe de especialistas coletou amostras da água rio acima, a partir do ponto sob a ponte da BR-262, e também na Lagoa do Rosário e no Rio Salobra, um dos principais afluentes do rio Miranda.
O diretor de Licenciamento e Fiscalização do Imasul, Luis Mário Ferreira, disse que durante a vistoria não foram mais encontrados peixes mortos, mas as primeiras análises da água, feitas ainda no local, revelaram a causa das mortes de diversas espécies da fauna pantaneira. "A qualidade da água está com nível de oxigênio dissolvido muito baixo, o que é bem característico da dequada. Uma água com odor bastante acentuado de matéria orgânica em decomposição e nível de oxigênio variando entre 0,6 e 1,2 miligrama de oxigênio dissolvido por litro", informou.
A concentração de oxigênio dissolvido na água para garantir a sobrevivência de peixes como pacu e dourado, que são espécies mais exigentes com nível de oxigênio, gira em torno de 4 mg por litro, segundo os pesquisadores do Imasul.
A 'dequada' ou 'decoada' citada pelo especialista é um fenômeno considerado natural naplanície pantaneira, onde, no período de vazante (recuar das águas) dentro do ciclo de cheia dos rios, parte da vegetação submersa em lâminas d'água muito rasas entra em decomposição e, à medida que aumenta o nível de inundação, essa matéria orgânica é levada pela correnteza reduzindo a concentração de oxigênio dissolvido nos rios.
O rio Salobra, que normalmente tem uma água mais verde e mais limpa, apresentou nos últimos dias um tom mais escuro, característico da matéria orgânica em decomposição. Nesse trabalho de campo, os técnicos constataram níveis muito baixos de oxigênio em diferentes profundidades. "Isso está em toda coluna d'água. Você mede em cima, em 20, 30 centímetros, a concentração gira em torno de 1 mg. E à medida que você vai aprofundando a medição, a um metro e um metro e meio, já cai para 0,8 e 0,7 mg por litro. Então, com essa característica de oxigênio dissolvido, não tem peixe que sobreviva, tanto aquele peixe lá de fundo como o bagre, o jaú e a arraia, até os peixes mais de superfície como o dourado", complementou Luís Mário.
A boa notícia é que o fenômeno, desta vez, parece ter sido de pequenas proporções e, apesar de alguns peixes morrerem, a maioria conseguiu se deslocar para outras áreas com maior oxigenação. "Os peixes procuram uma água de melhor qualidade. Eles fogem desse ambiente mais hostil", explicou o diretor-presidente do Imasul, André Borges.
As amostras da água dos rios e da lagoa foram encaminhadas para o Laboratório do Imasul onde serão realizadas análises mais detalhadas.
Agora, o alerta é para as regiões localizadas abaixo da cidade de Miranda, que também podem presenciar o problema, com a chegada da correnteza que carrega a matéria orgânica em decomposição.
"Parece que é uma onda só de água ruim, que tá passando, tá descendo. Essa água, geralmente o rio enche e inunda as lagoas marginais que ficaram muito tempo secas, e aí arrasta todo esse material que estava dentro das lagoas para o rio. Essa onda está na região do Rio Salobra e ela vai continuar. Pra cima desse ponto já está um pouco melhor a qualidade da água. A possibilidade é que essa onda, descendo o rio, ainda vá causar alguma mortandade rio abaixo, na região da fazenda San Francisco, Barra do Aquidauana, lá no Passo do Lontra, até chegar no Rio Paraguai. Mas é uma onda só. Passou, a água que está vindo a montante está vindo com melhor qualidade", concluiu o diretor de Licenciamento e Fiscalização do Imasul, Luis Mário Ferreira.
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