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Três Lagoas

Instituto Histórico do MS reedita obra de Rosário Congro

Obra de Rosário Congro, considerado o primeiro historiador da Capital,relata histórias de Campo Grande no início do século 20

Rosário Congro neto recebe das mãos de Vera Tilde Castro Pinto exemplares do livro lançado pelo IHGMS -
Rosário Congro neto recebe das mãos de Vera Tilde Castro Pinto exemplares do livro lançado pelo IHGMS -

O patriarca da família Congro, Rosário Congro, foi um dos autores selecionados que tiveram sua obra reeditada na série Memória Sul-Mato-Grossense. Em evento na noite de quinta-feira (28), em Campo Grande, o diretor do Grupo RCN de Comunicação, Rosário Congro Neto, recebeu as homenagens na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul (IHGMS), responsável pela compilação dos textos. O presidente do Instituto fez questão de considerar Rosário como ‘o primeiro historiador desta Capital’.


A obra intitulada O Município de Campo Grande – volume XXVII do acervo – escrita pelo então intendente (prefeito) Rosário Congro, inaugura os escritos referentes à cidade e a região, além de destacar os elementos de riqueza locais. Congro veio em missão para a Capital em 1918 e ficou no cargo de prefeito de Campo Grande por um ano e um dia.

Para Rosário Congro Neto, o Instituto cumpre um relevante papel de resgatar no seio das famílias, a história da região. Ele conta que seu avô veio à cidade cumprir uma missão.

“Meu avo Rosário veio para Campo Grande, por determinação do governador Dom Aquino Correa, arcebispo de Cuiabá, porque aqui, as forças político partidárias não se entenderam e instituíram duas câmaras municipais e duas prefeituras. Então, a verdade eleitoral precisava ser reestabelecida. Ele veio e felizmente conseguiu dar uma conformação administrativa ao município, cumprindo sua missão”, relatou.

Congro disse ainda que para o livro colheu ‘duas ou três histórias’, uma delas da designação para construção de uma praça, a Ary Coelho e outra do cemitério no final da rua 14 com a Calógeras, em terreno doado por um fazendeiro, que acabou sendo o primeiro a ser sepultado no local. Também de um padre que era bravo e quando morreu descobriram um arsenal sob sua cama.

“Essas histórias resgatadas e reeditadas com apoio do Governo de MS dá condições para que as pessoas venham a conhecer como isso tudo foi construído. Quero aproveitar e dizer que em Três Lagoas a história precisa ser resgatada, para que comecemos escrever os fatos que lá ocorreram, em 1915, com a chegada da estrada de ferro, que trouxe força e pujança a essa cidade que hoje se destaca como pólo de desenvolvimento industrial e ao lado de Campo Grande mostra que saímos do tempo da pecuária extensiva, para enfim gerir o agronegócio, industrializando produtos para agregar valores. Sinto-me honrado em receber esta homenagem”, finalizou. 

Instituto
O presidente do Instituto, Hildebrando Campestrini, disse durante discurso que Congro, apesar de ser uma figura pouco estudada de MS é uma das mais importantes, tendo sido o prefeito responsável pela implantação do projeto de urbanização da cidade, além do primeiro historiador que deixou um trabalho de referência documentado. 

“Fato é que Rosário Congro foi o primeiro historiador desta Capital. Escreveu em 1919, a historia de Campo Grande ouvindo todos os moradores. Implantou o projeto de urbanização, porque aqui era uma cidade que não tinha ruas, meio fio, cada um colocava a numeração que queria, nome de ruas, e ele comprou uma briga violenta e conseguiu arrumar a cidade. E foi ele que, dentro do espírito da época, exigiu a remoção da igreja de Santo Antônio, que estava bem em cima da rua 15 de novembro. Falou com coronel, com o bispo, começou uma igreja nova e derrubou a velha, abrindo a rua 15”, mencionou Campestrini. 

Campestrini citou ainda que o trabalho de Congro trouxe uma grande surpresa na época, porque Campo Grande tinha recebido 3,6 mil hectarespara a sede e quando mediram havia 6,7 mil hectares ou quase o dobro. “É curioso que mesmo com esse fato, José Antonio Pereira registrou como propriedade de Santo Antônio de Campo Grande, uma légua quadrada para a cidade. Esse homem sonhava grande. O trabalho elaborado por Congro traz mapas, informações e muitas fotos dessa época”, encerrou o historiador.

O presidente da Fundação Estadual de Cultura, Américo Calheiros, elogiou os trabalhos do Instituto, que segundo ele ‘mais que acadêmico, é feito por pessoas que amam o que fazem’. 

“A gente sabe que o recurso destinado pelo governo para as ações culturais está sendo muito bem utilizado. Essa série é um exemplo disso e traz todo um legado através de vidas vividas, esforços, dedicações de pessoas que hoje não estão mais aqui, mas que conseguem trazer para os dias de hoje e às gerações atuais esse conteúdo. É uma tarefa difícil, mas que o Institutotem cumprido com maestria. O Governo tem somente a agradecer a todos vocês por esse precioso trabalho”, finalizou.

Série Memória
Ao todo a série Memória Sul-Mato-Grossense une dez obras compiladas em sete volumes publicados com patrocínio do FIC (Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de Cultura).
 
Os livros dos volumes XXV à XXXI darão continuidade ao compêndio iniciado em 2010 pelo Instituto e são compostos da seguinte maneira:

XIX a XXV – A Poeira da Jornada – Memórias; 
XXVI – História de Mato Grosso – Campo Grande – Aspectos Jurídicos e Políticos do Município, de Demóstenes Martins; 
XXVII – O Município de Campo Grande em 1919, de Rosário Congro; 
XXVIII – O Município de Campo Grande em 1921, O Município de Campo Grande em 1922, de Arlindo Gomes de Andrade e O Município de Campo Grande em 1928, de Manoel Joaquim de Moraes; 
XXIX – Construir, Palavra de Ordem, de Carlos Vandôni de Barros; 
XXX – De Itajubá a Brasília – Memórias, de Kerman José Machado; 
XXXI – A Circunscrição Militar de Mato Grosso e o Levante Sedicioso de São Paulo, de João Nepomuceno da Costa.