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Três Lagoas

Interno mantem Facebook atualizado dentro de presídio

Agepen informa que aparelho já foi apreendido e que apurará o caso

Um interno da Penitenciária de Segurança Média de Três Lagoas está sendo investigado por atualizar a rede social Facebook, enquanto cumpre pena em regime fechado. O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil de Três Lagoas na semana passada, através de denuncia anônima.

Segundo o boletim de ocorrência, o interno Luan Serafim dos Santos, 21 anos, que foi preso em outubro do ano passado, acusado de tráfico de drogas, estaria utilizando um aparelho celular para postar informações na rede social. Entre as mensagens mais recentes deixadas, estavam as de luto por um colega. “Luto zói esteja em paz meu irmão […]”.  A mensagem, de dia 8 de abril, pode estar relacionada a um rapaz de 26 anos está desaparecido desde março deste ano.  Além de mensagens pessoais e amenidades, o interno também pode ter usado a página da rede social para lamentar a perda de outro colega, morto em uma troca de tiros com a polícia neste ano. 


A denúncia foi repassada à direção da penitenciária pelo delegado Rogério Market Faria, titular da 2ª Delegacia de Polícia, e foi confirmada pela Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen). Por meio de assessoria de imprensa, o diretor-presidente da Agepen, coronel Deusdete Souza de Oliveira Filho informou que a penitenciária já tomou todas as medidas necessárias ao caso.
Segundo ele, os agentes conseguiram apreender o celular que estaria sendo usado para postar as mensagens. Além disso, o interno também foi transferido para cela disciplinar e responderá a um processo interno, o que poderá acarretar em aumento da pena. A Agepen informou também que já abriu um procedimento interno para apurar a forma como o equipamento eletrônico foi parar dentro da unidade penal. Paralelamente, a Polícia Civil também deverá investigar o caso. 


Ainda através da assessoria, o diretor da Agepen explicou que a entrada de celulares em unidades penais é um problema nacional, mas garantiu: “A Agepen trabalha constantemente para retirar esses aparelhos das unidades penais por meio de ações pente-fino e também com base nas informações coletadas pelo Serviço de Inteligência da Agepen, que trabalha apenas para monitorar possíveis comunicações de internos e já conseguiu antecipar ações contra crimes no Estado”.


Segundo a Sejusp, outros casos de internos utilizando as redes sociais já foram registrados em unidades penais de Mato Grosso do Sul, principalmente em Campo Grande. O aumento desse tipo de delito deve-se à alta tecnologia dos novos aparelhos, quase todos com possibilidade de acesso à internet, que são introduzidos nos presídios. 
As redes sociais também são monitoradas pelo Serviço de Inteligência da instituição. 

RISCOS
Em Três Lagoas, porém, esse tipo de caso ainda é pouco comum. Segundo o delegado Regional Vitor José Fernandes Lopes, a Polícia Civil tem conhecimento de apenas dois casos, no máximo, mas isso não deixa de se preocupante. “Hoje em dia, a maioria dos celulares já vem com câmeras e dispositivos de acesso à internet. Nossa preocupação não é com o que ele [interno] posta na rede social, mas a possibilidade que esses programas dão para conversar por mensagens, o que impede qualquer tipo de monitoramento”, disse.


Para Lopes, a existência de celulares em unidades penais do Estado deve-se a eventuais falhas no sistema de segurança ou possível falta de equipamentos para coibir a entrada desses aparelhos e de bloquear os sinais que eles captam.


Atualmente, está em andamento um estudo para a implantação de um bloqueador de celular na Penitenciária de Segurança Máxima, em Campo Grande. Entretanto, segundo a Sejusp, ainda não há previsão de instalação pelo alto custo e falta de garantias de que o equipamento conseguirá bloquear todas as novas tecnologias.