A despedida da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi marcada pela dor e pelo clamor por justiça. Vítima de feminicídio, Vanessa foi velada na noite de quinta-feira (13) na Câmara de Vereadores de Campo Grande e, na manhã desta sexta-feira (14), em sua cidade natal, Três Lagoas. O sepultamento está previsto para às 15h, no Cemitério Municipal.
A família, profundamente abalada, optou por uma cerimônia restrita a parentes e amigos mais próximos na Capela Fúnebre Duílio. O silêncio dos presentes e as lágrimas expressavam a dor de uma perda irreparável.
Entre as homenagens e palavras de despedida, Walker Ricarte, irmão da jornalista, deixou transparecer toda a sua dor em um desabafo comovente. “Falar da Vanessa é falar de uma filha extremamente dedicada e exemplar. Como irmã, ela sempre foi carinhosa e presente, cuidava de mim e dos nossos pais como uma verdadeira mãezona. Como profissional, era impecável, dedicada e esforçada. É muito difícil para nós perdê-la dessa forma, brutal e violenta, sem motivo algum”, desabafou Ricarte.
Walker, entre lágrimas, revelou que havia conversado com a irmã pouco antes do crime e que a família temia pelo pior. “Nós pedimos muito para que ela não voltasse para casa, mas ela acabou julgando e voltando. Nós queríamos tanto estar lá, presente”, disse o irmão.
Ele também fez um apelo às autoridades e à sociedade. “Que o que aconteceu com a Vanessa sirva de exemplo para que haja mudanças, mais empenho do judiciário, para que isso não fique impune. A sociedade precisa olhar com mais atenção para esse assunto, para o feminicídio. Que as mulheres não tenham medo e nem vergonha de buscar apoio, que não tomem medidas precipitadas”, alertou Walker.
Feminicídio
Vanessa foi esfaqueada na tarde de quarta-feira (12) pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, e morreu horas depois na Santa Casa de Campo Grande. O crime foi o segundo caso de feminicídio no estado e o primeiro na capital neste ano. O caso de Vanessa Ricarte é mais um entre tantos que refletem a urgência do combate à violência contra a mulher.
Walter Gonçalves Filho, presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul (Sindjor-MS), expressou seu pesar pelo feminicídio e criticou a ineficácia das medidas de proteção. “Não basta ter medidas protetivas que não funcionam. Vanessa pediu ajuda pela manhã e foi assassinada à tarde. Isso não pode acontecer”, afirmou.
Ele também sugeriu a criação de um cadastro nacional de agressores e a reestruturação das varas especializadas em violência doméstica no estado. “É urgente que as autoridades e a sociedade ofereçam uma resposta efetiva para proteger as mulheres e prevenir mais tragédias. O sindicato vai cobrar das autoridades essa ação. Nossa proposta é a criação de um cadastro de violência contra a mulher, similar ao cadastro de pedófilos”, afirmou o presidente.