A internet deixou de ser um luxo para se tornar um serviço essencial na vida moderna, seja para trabalhar, estudar ou manter-se conectado ao mundo. É de interesse geral o seu pleno funcionamento. Em Mato Grosso do Sul, a realidade está longe do ideal. O estado amarga a pior qualidade de internet da região Centro-Oeste, circunstância que compromete o desenvolvimento econômico, educacional, além de setores de comunicação e demais serviços essenciais. As dificuldades enfrentadas pelos sul-mato-grossenses são diárias. Oscilações constantes, velocidade abaixo do esperado e infraestrutura precária, dificultam a rotina de milhares de pessoas. Reclamações sobre falhas na conexão são frequentes e impactam diretamente setores vitais como o comércio, a indústria e o serviço público.
Um estudo elaborado pelos organizadores do prêmio Melhor Plano.net divulgado nesta semana, revelou que a velocidade média da banda larga residencial no estado é de 157,09 megabits por segundo. E, Mato Grosso do Sul ocupa a última posição no Centro-Oeste, figurando na 20ª colocação do ranking nacional. A capital, Campo Grande, também apresentou desempenho insatisfatório, registrando a menor média de upload entre as capitais da região. A baixa qualidade da internet tem reflexos diretos no crescimento econômico do estado.
Os impactos também atingem empresários, que enfrentam dificuldades na realização de transações. Outro agravante é a falta de padronização entre operadoras. Em diversas cidades, apenas uma empresa oferece um serviço minimamente aceitável, forçando consumidores a adaptarem seus planos de internet de acordo com a região em que se encontram. Essa falta de concorrência eficiente prejudica a oferta de um serviço mais confiável e acessível. A situação é ainda mais crítica em municípios como Três Lagoas e Ponta Porã, que registram algumas das piores velocidades de internet do estado. Em Três Lagoas, por exemplo, a média de upload é a mais baixa de Mato Grosso do Sul, prejudicando tanto usuários comuns quanto empresas que dependem de uma conexão rápida para operações em nuvem e reuniões online. Cidades como Dourados, Aparecida do Taboado, Cassilândia e Ribas do Rio Pardo também enfrentam dificuldades semelhantes. A falta de investimentos em infraestrutura tem sido um grande entrave para a melhoria desse cenário.
Cidades em plena expansão, como Inocência, Brasilândia e Aparecida do Taboado, atraem grandes empresas, mas padecem com a precariedade dos serviços de internet. Para aqueles que viajam por essas regiões, a situação nas rodovias é ainda pior: longos trechos sem qualquer sinal de conexão. Trata-se de uma realidade inaceitável para o século XXI. Mesmo com a chegada do 5G em 18 dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, os benefícios ainda não são sentidos na prática. Em muitos casos, a tecnologia aparece disponível nos dispositivos, mas não funciona como deveria.
Em algumas áreas, nem mesmo o velho 4G opera de forma satisfatória. Diante desse cenário, é urgente que as autoridades responsáveis pelos direitos dos consumidores, tais como o Procons e Ministério Público, adotem providencias junto as operadoras desses serviços, exigindo a adoção de medidas concretas para melhorar a qualidade dos serviços de internet em Três Lagoas e no estado. O fato é que vendem um serviço de má qualidade e não entregam sinais com velocidade e quantidade contratadas. Essa conduta configura clara lesão ao consumidor. Essa deficiência que caracteriza “venda de gato por lebre”, além de afrontar o consumidor, constitui obstáculo para o desenvolvimento e a inclusão digital dos sul-mato-grossenses.