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Editorial Jornal do Povo

A Segurança Pública e as Estatísticas

Leia o Editorial do Jornal do Povo.
Leia o Editorial do Jornal do Povo. | Arquivo/JPNews

É certo que as autoridades policiais consideram como tranquilas as comunidades onde as estatísticas apontam baixo índice da atividade criminosa. Se não há registros de crimes, sejam eles de qualquer natureza desde daqueles considerados contravenção ou tipificados como mais graves na legislação penal, não há se falar em aumento da criminalidade. É de conhecimento geral que dezenas de ocorrências policiais não são registradas pelas vítimas e, por isso, sequer chegam ao conhecimento da autoridade policial.

Os organismos de segurança pública ao avaliarem as incidências de prática de crimes e contravenções, se atêm tão somente aos dados oficiais retratados nos registros dos boletins de ocorrência. Entretanto, é fato que nem sempre estes indicadores espelham a realidade do mundo do crime e muito menos, a intranquilidade que reina entre as pessoas que se sentem inseguras e desprotegidas. Em Três Lagoas não é diferente. É de conhecimento geral que a incidência de crimes previstos na legislação penal não está espelhada nas estatísticas que as autoridades policiais se baseiam para analisar e considerar como indicadores de baixa incidência de criminalidade. É incontestável que a realidade dos fatos aponta para o crescente aumento de pequenos furtos que alimentam o mercado de consumo de drogas. Residências em construção ou fechadas por qualquer motivo, são constantemente alvo de furto de toda a rede de fios elétricos.

Também é de conhecimento geral que estes fios são vendidos para receptadores, que aproveitam o cobre para vendê-los em outros mercados. E, essa “compra e venda”, resulta na possibilidade de aquisição de pequenas porções de drogas, que além de alimentar a prática de crimes considerados como pequenos delitos, sustenta o vício daqueles que praticam esse tipo de delito. O mercado marginal da compra e venda de drogas é impiedoso com aquele que compra “a crédito” e não paga a droga consumida, porque ameaça a vida desse usuário. Infelizmente, Três Lagoas está na rota do tráfico de drogas, que nasce nas fronteiras do Brasil com o Paraguai e a Bolívia e tenta chegar até os grandes centros. O volume de drogas que por aqui passa é muito grande, considerando-se o volume de apreensões decorrentes do esforço da ação policial.

O desempenho das polícias é reconhecido. Mas, o aparelhamento policial precisa ser aumentado para combater esse tipo de crime praticado por organizações criminosas, as quais sem trégua continuam engendrando e desafiando os organismos de repressão e até mesmo, o serviço de inteligência, colocando em dúvida a eficiência da polícia na repressão ao crime organizado. Diante de tantas evidências sobre o crescente aumento dos índices de criminalidade, é certo que a ação policial não deve ficar adstrita aos indicadores estatísticos que são exibidos, porque acabam por dar ares falsos de eficiência à repressão, tudo da falta de registros de ocorrências policiais que deveriam ser comunicadas pelas vítimas. As estatísticas, certamente, não retratam a realidade, em Três Lagoas porque fatos delituosos acontecem a toda hora e assustam todos aqueles que querem viver na cidade com segurança.