A Prefeitura de Três Lagoas tem reforçado a fiscalização sobre os atestados médicos apresentados pelos servidores. Segundo Ângela Brito, os afastamentos médicos, somente com servidores da Educação, custaram cerca de R$ 13 milhões aos cofres públicos em 2024.
Dados obtidos pelo Jornal do Povo mostram que, desde janeiro, foram apresentados 443 atestados médicos ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Alguns desses atestados cobrem poucos dias, enquanto outros ultrapassam dois anos de afastamento.
O alto número de afastamentos impacta diretamente a folha de pagamento, pois o município precisa arcar tanto com o salário do profissional afastado quanto com o do substituto. Além disso, o absenteísmo sobrecarrega os servidores que permanecem em atividade e pode comprometer o atendimento à população.
A situação levou o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MP/MS) a abrir uma investigação sobre possíveis abusos na concessão de atestados médicos na UPA de Três Lagoas. Há indícios de que alguns servidores estariam atuando em outros empregos enquanto deveriam estar afastados por motivo de saúde.
Jardel de Matos afirmou que a nova gestão identificou irregularidades e pretende adotar medidas rigorosas para coibir fraudes. “Se o servidor está doente, ele tem direito ao afastamento, mas o que não pode acontecer é o uso indevido dessa prerrogativa. Estamos falando de dinheiro público e do atendimento à população. Essa prática precisa ser combatida”, destacou o secretário.
A administração municipal também estuda criar uma equipe especializada para analisar os atestados médicos apresentados, garantindo que os afastamentos sejam concedidos apenas quando realmente necessários.
O impacto do absenteísmo na Educação
O alto índice de afastamento dos profissionais da Educação tem causado um efeito cascata na rede municipal de ensino. A ausência de professores prejudica a aprendizagem dos alunos e sobrecarrega os docentes que permanecem em atividade.
A vereadora Maria Diogo defende que a prefeitura invista mais na prevenção de doenças ocupacionais e na melhoria das condições de trabalho dos servidores, em vez de apenas restringir a concessão de benefícios.
“Desde a pandemia, temos observado um aumento no número de afastamentos por problemas psicológicos, como depressão e ansiedade. Além disso, há muitos casos de professores com problemas vocais e administrativos com doenças relacionadas a esforço repetitivo. É preciso pensar em políticas públicas voltadas para a saúde do trabalhador”, argumentou.
O sindicato também reivindica que a prefeitura implemente um programa de reabilitação para servidores afastados por problemas de saúde e reforce o atendimento do SESMT, buscando soluções sustentáveis para a questão do absenteísmo.