
Mato Grosso do Sul enfrenta um cenário desafiador no mercado de trabalho, com cerca de 25 mil vagas abertas e dificuldades para preenchê-las. Para suprir essa demanda, a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) firmou um acordo de cooperação com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Câmara de Comércio Paraguai-Brasil, visando atrair e regularizar trabalhadores paraguaios para o estado.
O protocolo de intenções prevê a emissão de CPF, carteira de trabalho e visto para os paraguaios interessados, além de cursos de português e micro-certificação profissional. O Senai será responsável pela capacitação conforme as necessidades da indústria local, enquanto a Câmara de Comércio atuará na conexão entre empresas brasileiras e profissionais paraguaios. Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, a escassez de trabalhadores tem dificultado a expansão do setor industrial no estado.
Parceria
Longen destacou a importância da parceria para oferecer oportunidades de emprego e suprir a carência de profissionais qualificados. “Temos cerca de 25 mil vagas abertas e dificuldades para implantar as novas empresas que estão chegando ao estado. Com a ajuda da Câmara, poderemos fazer uma pré-seleção no Paraguai e encaminhar esses trabalhadores para Mato Grosso do Sul”, explicou.
O acordo também inclui a legalização da entrada desses profissionais, com suporte da Superintendência do Trabalho, e a formalização dos trabalhadores por meio do Senai. Além disso, Longen mencionou a possibilidade de ampliar a parceria com universidades paraguaias para atrair recém-formados.
Desafios
Empresários e autoridades apontam que a escassez de mão de obra qualificada tem impacto direto no crescimento econômico do estado. Para Longen, os benefícios sociais têm contribuído para essa situação. “O apagão de mão de obra é um problema nacional. Na nossa avaliação, os benefícios sociais impactam, mas nosso foco é atrair pessoas interessadas em trabalhar e regularizar aqueles que já estão atuando no estado sem documentação adequada”, afirmou.
O superintendente do MTE em Mato Grosso do Sul, Alexandre Moraes Canteiro, destacou que a medida também visa combater o tráfico de pessoas e situações análogas à escravidão. “Nosso objetivo é promover a inclusão de trabalhadores no mercado formal, garantindo direitos e prevenindo abusos. Com essa parceria, poderemos emitir CPF, carteira de trabalho e visto, além de oferecer cursos de português e capacitação profissional“, ressaltou.
Demanda
Mato Grosso do Sul tem atraído grandes investimentos industriais, especialmente no setor de celulose, com fábricas em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo, além de novos empreendimentos como a Arauco em Inocência e a Bracell em Água Clara. Outros setores, como comércio e supermercados, também sentem a escassez de mão de obra. Em Três Lagoas, por exemplo, a presença de imigrantes em busca de emprego é cada vez mais comum.
Enquanto comerciantes atribuem a falta de trabalhadores à dependência de auxílios governamentais, sindicatos apontam os baixos salários como um fator determinante. O novo acordo entre Fiems, MTE e Câmara de Comércio do Paraguai busca equilibrar essa equação, trazendo profissionais qualificados para fortalecer a economia do estado e garantir condições dignas de trabalho aos imigrantes.