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Anomalia magnética não deve causar pânico, diz especialista

Pode haver interferências em tecnologias dependentes de dados via satélite, como a conexão à internet e linhas telefônicas

Há mais de 15 anos, o Brasil foi o centro dessa anomalia, que percorre o Hemisfério Sul. - Foto: Arquivo/JPNews
Há mais de 15 anos, o Brasil foi o centro dessa anomalia, que percorre o Hemisfério Sul. - Foto: Arquivo/JPNews

Nos últimos dias, muitos boatos têm circulado sobre uma anomalia magnética, o que têm gerado desinformação sobre um fenômeno que, segundo especialistas, é comum.

Há milhares de anos, um fenômeno geomagnético ocorre sobre o Brasil, incluindo Mato Grosso do Sul, e está em constante movimento e crescimento. Essa anomalia é conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul, a maior entre outras anomalias espalhadas pelo mundo.

Apesar de recentemente ganhar repercussão e causar preocupação, o pesquisador titular no Observatório Nacional do Ministério de Ciência, Inovação e Tecnologia, Luiz Benyosef, esclarece que não há motivo para alarme. “Países que fazem o lançamento constante de satélites têm uma preocupação maior, porque quando os aparelhos estão na órbita em cima da anomalia, eles são vulneráveis ao choque das partículas que vem do sol. Para nós, que estamos na superfície da terra, os males são menores, a gente nem sente. São mais as tecnologias que estão em órbita que vão sentir esses efeitos”.

Há mais de 15 anos, o Brasil foi o centro dessa anomalia, que percorre o Hemisfério Sul. Atualmente, ela se encontra no Norte da Argentina, movendo-se em direção ao Oceano Pacífico. Mas enquanto ela ainda atravessa nosso território, podemos observar interferências em tecnologias dependentes de dados via satélite, como a conexão à internet e linhas telefônicas, que ficam mais vulneráveis a tempestades solares.

Isso porque estas tecnologias estão mais sensíveis às tempestades solares, como explica o pesquisador. “As empresas que administram os satélites monitoram toda a atividade do sol e, quando o sol faz uma emissão muito forte, muitas vezes já é programado para o dispositivo desligar para não o queimar. Esse é um problema da parte espacial. O satélite de comunicação, usado para internet, se tem uma atividade solar bastante intensa, pode causar uma pane ou perda total da instrumentação do satélite”.

No entanto, na superfície, o campo magnético não intensifica a radiação solar sobre o corpo humano, mas pode sobrecarregar o sistema de energia. “Como consequência dessa forte radiação, formam correntes elétricas na atmosfera que podem induzir correntes no solo e queimar linhas de transmissão de torres de energia elétrica”.

No Brasil, o Observatório Nacional é responsável por monitorar o campo geomagnético do território nacional. O órgão realiza pesquisas sobre essas alterações com o apoio de centenas de estações espalhadas pelo país, incluindo bases em Mato Grosso do Sul e próximas ao município de Três Lagoas.

A cada cinco anos, o Observatório Nacional publica um guia do campo geomagnético brasileiro, que auxilia na navegação marítima, aérea e espacial. O conteúdo está disponível gratuitamente no site do órgão.

Confira a reportagem abaixo: