Em Três Lagoas, a relação entre programas sociais e o mercado de trabalho tem gerado debates acalorados. Gislaine Costa, mãe de três filhos, é uma das beneficiárias do Programa Mais Social, do Governo do Estado. Recebendo R$ 450 por mês, ela utiliza o recurso para cobrir despesas essenciais, como gás e alimentos. “É uma ajuda emergencial. Não posso trabalhar porque tenho um filho com deficiência. Sem o programa, seria muito difícil”, relata.
Na mesma situação, Irianete de Lima, mãe de quatro filhos e beneficiária do Bolsa Família, conta que o programa tem sido fundamental. “Ajuda muito em casa. Compro alimentos. Sem ele, seria complicado. Recebo desde o meu primeiro filho, há 19 anos.“
Por outro lado, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), defende a relevância dos programas sociais, mas destaca a necessidade de qualificação profissional dos beneficiários. “Os programas sociais são um caminho, mas precisam ser assertivos. É preciso diagnosticar as famílias para que o auxílio não seja apenas uma transferência de renda, mas uma ponte para a cidadania e a inserção no mercado de trabalho”, afirmou Riedel.
O governador também enfatizou a importância de melhorar a infraestrutura e os serviços sociais, como creches, para permitir que mais pessoas possam trabalhar.
COMÉRCIO
Enquanto isso, o comércio e demais segmentos de Três Lagoas enfrenta um paradoxo: sobram vagas de emprego, mas há dificuldades para preenchê-las. A falta de mão de obra qualificada e os baixos salários oferecidos são apontados como os principais entraves. Empresas têm realizado mutirões para tentar preencher as vagas, mas o problema persiste.
Sueide Silva Torres, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Três Lagoas, acredita que a dependência dos auxílios governamentais é um fator que contribui para a escassez de trabalhadores. “As pessoas preferem ficar em casa recebendo o benefício a trabalhar. Isso prejudica a iniciativa privada, que precisa de mão de obra”, afirmou Torres.
Já Eurides Silveira de Freitas, presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio, aponta que a falta de infraestrutura também dificulta a inserção das pessoas no mercado de trabalho. “A maioria das funcionárias do comércio é mulher, muitas são mães solteiras, e as creches não atendem aos horários do comércio. Como elas vão trabalhar se precisam pegar os filhos antes das 17h? Precisamos discutir essa questão de forma ampla.”
A situação em Três Lagoas reflete um problema mais amplo que envolve a articulação entre programas sociais, infraestrutura e o mercado de trabalho. Embora os auxílios sejam essenciais para muitas famílias, há um consenso entre os representantes governamentais e sindicais de que soluções estruturais são necessárias para garantir o desenvolvimento econômico e social da região.