Três Lagoas chegou à marca do município mais seco do país, na primeira semana do mês de setembro de 2024. A umidade relativa do ar caiu para 7%, índice histórico dos últimos 20 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Além disso, o calorão se intensificou com temperatura acima de 38ºC.
A mudança climática tem gerado impacto na saúde e a exposição ao calor durante a gravidez aumenta significativamente o risco de complicações, como hipertensão gestacional e baixo peso do bebê ao nascer, por exemplo. “Uma temperatura elevada no corpo da gestante pode resultar em taquicardia fetal. Paciente com febre, não é nada bom para o bebê. E essa temperatura elevada pode cursar com o aumento da temperatura corporal também”, observou o ginecologista e obstetra Vankel Viola.
Nesta semana, muitas gestantes buscaram pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com sintomas de mal estar em decorrência da situação climática. A dona de casa Denise Levente, de 31 anos, está grávida de seis meses e conta que a pressão arterial tem ficado baixa nos últimos dias. “Eu quase desmaiei duas vezes e foi justamente quando o calor ficou mais forte, em Três Lagoas”, relatou.
Fatores de risco
Outro fator de risco apontado pelo médico obstetra é a desidratação, que pode afetar a corrente sanguínea e ocasionar até um possível aborto. “A desidratação pode atrapalhar a função placentária levando ao aborto. Pode aumentar o índice de trabalho de parto. A criança pode nascer prematura (antes de 28 semanas). Apesar de não haver estudo científico que comprove essa questão, uma série de fatores relacionados à baixa umidade relativa do ar podem, sim, fazer com que essa gestação não evolua tão bem”, pontuou.