De 1985 a 2023, o estado de Mato Grosso do Sul sofreu uma redução drástica de 614.622 hectares em sua superfície de água, o que equivale a uma perda de 42%, conforme dados do MapBiomas. A superfície de água no estado registrada no ano passado foi de apenas 838 mil hectares, comparada aos total de 1,45 milhão de hectares registrados em 1985.
Eduardo Rosa, coordenador do bioma Pantanal/MapBiomas, explica que essa redução está relacionada às mudanças nos ciclos de cheias e secas do Pantanal. “Desde 2008, o Pantanal não tem registrado grandes cheias e, atualmente, estamos vivendo um pico extremo de seca. As questões climáticas influenciam diretamente esses ciclos”, comenta Rosa.
Ele acrescenta que, apesar de o Pantanal já ter enfrentado secas severas no passado, a situação atual é crítica. Além da perda de superfície de água, Mato Grosso do Sul também viu a redução de mais de cinco milhões de hectares de floresta nativa nos últimos 37 anos, principalmente no Cerrado.
Ao mesmo tempo, a área destinada à agropecuária aumentou em mais de seis milhões de hectares, o dobro da área perdida.
Para o pesquisador, essa transformação do uso do solo impacta diretamente a superfície de água. “A perda de cobertura vegetal natural, especialmente nas áreas de planalto e nascentes, fragiliza a região e interfere no ciclo de inundação do Pantanal”, afirma.
Um dos rios que mais sofre com a redução de superfície de água é o rio Miranda. Sérgio Barreto, responsável técnico do Instituto Homem Pantaneiro, destaca o assoreamento do Miranda. “Especialmente no terço inicial, onde monitoramos processos erosivos e a falta de áreas de preservação permanente (APPs)”, observa Barreto.
Rômulo Louzada, fiscal ambiental do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, ressalta que, apesar de o assoreamento do rio Miranda ser menos grave do que o do rio Taquari, a situação ainda é crítica.
“O solo da bacia do rio Miranda é menos propenso à erosão, mas a concentração das chuvas e o uso intensivo do solo, principalmente para a agricultura, têm aumentado a variação no nível do rio”, explica Louzada.