O Consórcio Way Brasil que assumiu recentemente a concessão de 412,4 quilômetros de três rodovias na região Leste de Mato Grosso do Sul, que já estão pedagiadas, pode assumir também a operação e administração da BR-262, no trecho de Três Lagoas a Terenos. A empresa já iniciou estudos e prevê a instalação de seis praças de pedágios ao longo da rodovia, antes mesmo da abertura de licitação. No entanto, o consórcio já mostrou interesse em assumir a concessão de mais uma rodovia no Estado.
Para isso, o governo do Estado terá que conseguir a autorização da União para administrar esse trecho da rodovia federal. A solicitação já foi feita, mas ainda não houve definição.
Para o engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), em Três Lagoas, Milton Rocha Marinho, a concessão da BR-262 pode prejudicar o projeto de duplicação da rodovia que já está bem adiantado no governo federal, que já elaborou edital para a contratação de empresa que fará o pré-projeto visando duplicar a via. O Ministério dos Transportes autorizou em janeiro deste ano, o Dnit publicar o edital para contratar a empresa que fará todo o levantamento necessário, incluindo custos, para a duplicação da rodovia do trecho do km 17 ao 498.
Marinho acredita que se a rodovia continuar a cargo do governo federal no próximo ano as obras de duplicação devem ser iniciadas, uma vez que determinado pelo Ministério, encontra-se em andamento a contratação de estudos e anteprojeto para a duplicação com recursos federais. A duplicação tem duração de três a quatro anos, havia vista que a obra deve ser dividida em quatro lotes.
No entanto, diante da necessidade de melhorias e intervenções nesse trecho de Três Lagoas a Campo Grande, devido a fábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo, que deve elevar o número de carretas transitando pela rodovia, o engenheiro trabalha para a construção de terceiras faixas.
Na opinião do engenheiro Marinho, uma vez que uma construção desta magnitude pode ser demorada, considerando que a necessidade de melhoramentos de capacidade requer urgência, segundo ele, seria interessante que fossem de imediato aumentadas significativamente a quantidade de terceiras faixas mesmo antes do início da duplicação.
Segundo Marinho, o modelo de concessão adotado pelo governo do Estado através da Way Brasil não duplica rodovia. "Esse modelo prevê instalação de pedágios e melhoramentos. Eu, particularmente, como conhecedor desse tipo de programa, não se duplica, porque não dá retorno para receber o dinheiro que vai bancar a duplicação. Esse modelo prevê construção de terceiras faixas, aquilo que o Dnit tem que fazer diante dos recursos que os contribuintes pagam de impostos para receber", destacou.
Ainda na opinião do engenheiro, esse modelo de concessão pode atrapalhar na duplicação da BR-262. "O governo federal fazendo o investimento ele sabe que não terá retorno, porque o volume de tráfego não cobre os investimentos, mas é uma prestação de serviços, diferente do setor privado que visa retorno financeiro. O governo federal com o poder de investimento pode garantir o serviço, e nesse modelo de concessão, vamos pagar pelos serviços que já pagamos de impostos para receber o benefício", argumento Marinho, ressaltando que não entende a prioridade nesse modelo de concessão.
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